Um grupo de mulheres na Austrália avançou com uma ação em tribunal contra a farmacêutica Bayer pelos efeitos adversos causados pelo uso do método contracetivo Essure, informaram esta segunda-feira os advogados das queixosas citados pela agência de notícias Efe.
A medida segue o exemplo de outras queixosas em países como Espanha, Estados Unidos ou Canadá. Em comunicado, o escritório de advogados Slater e Gordon sublinhou que o Essure, vendido como um implante “rápido, eficaz, minimamente invasivo”, foi “incrivelmente prejudicial para as mulheres”.
Os advogados apontam para centenas de mulheres em todo o país que sofreram complicações devido ao implante, sem especificar um número. Algumas das vítimas australianas tiveram de remover o útero após o uso do dispositivo, como resultado da sua oxidação e aumento dos níveis de níquel, o que causou problemas em outros órgãos, refere a mesma nota.
As mulheres que utilizaram este implante também sofreram complicações na regularidade dos seus períodos, dores abdominais, pélvicas e musculares, além da redução da libido. Uma australiana, Tanya Davidson, citada no documento, garante que viveu “oito anos de inferno” depois do implante ter sido colocado.
Davidson sofria de perda de cabelo, sangramento menstrual intenso, fadiga crónica, problemas gástricos, dor aguda nos ovários e perda de funções cognitivas.
“A perda de funções cognitivas foi o que mais me aterrorizou (…). Acordo todos os dias a sentir uma nuvem no cérebro, tenho dificuldade em me lembrar de coisas simples como os nomes de objetos quotidianos”, explicou Tanya Davidson. “Eu pensei que sofria de Alzheimer”, acrescentou a mulher, que começou a usar o implante em 2010.
O Essure foi vendido em Portugal desde 2002, tendo sido comercializadas cerca de seis mil unidades. Em setembro de 2017 a empresa alemã retirou o contracetivo do mercado europeu, incluindo em Portugal, afirmando que a decisão se deveu a “razões comerciais” e que não estava “relacionada com qualquer questão de segurança ou de qualidade”.