Existe há poucos meses, mas já conta com a sua primeira crise interna. O recém-formado partido Iniciativa Liberal (IL) ficou hoje sem presidente. Miguel Ferreira da Silva demitiu-se do cargo, esta quinta-feira, na sequência de uma notícia da Rádio Renascença que dava conta de que a página oficial do partido no Facebook tinha sido criada, originalmente, para apoiar António Costa.
Na verdade, não foi a notícia em si que fez cair o líder dos liberais, mas sim a posição que o partido decidiu assumir perante a divulgação da notícia. Havia duas soluções em cima da mesa: ou eliminava-se a página do partido ou mantinha-se inalterada. Havia apenas uma questão que parecia consensual internamente: independentemente da eliminação ou não da página, era necessário criar uma nova, do zero. A direção da IL reuniu-se e decidiu manter a página, enquanto se começava a preparar a sua substituta.
Ora, a posição do líder dos liberais era precisamente a oposta. Miguel Ferreira da Silva tentou que o partido o seguisse, mas a maioria da Comissão Executiva, que se reuniu esta quarta-feira, votou em sentido contrário. Depois de ter sido derrotado, considerou que devia retirar ilações políticas e, na tarde desta quinta-feira, anunciou que vai apresentar a sua demissão da liderança do partido.
O anúncio foi feito na sua página pessoal, precisamente no Facebook. Numa publicação intitulada “Obviamente demito-me. Liberdade implica responsabilidade”, Miguel Ferreira da Silva explica que a discussão interna que se seguiu à divulgação da origem da página partidária terminou com conclusões opostas às que defendia. A partir desse momento, considerou que não havia condições para continuar à frente do partido. “Sou a favor do fim da página. Votei vencido pela convicção inabalável de que o liberalismo implica responsabilidade. Acreditando que não é possível apontar o caminho sem estar disponível a percorrê-lo, apresentei a minha demissão, por não me rever na posição aprovada pela direção do partido”, pode ler-se na publicação.
Poucas horas antes, a Iniciativa Liberal tinha publicado na sua página oficial – a da polémica – uma nota onde explicava a sua visão da polémica. Segundo a nota, “no final de 2016, os membros fundadores do que viria a ser a Associação Iniciativa Liberal tiveram conhecimento da origem da página, estiveram de acordo que essa era uma informação irrelevante na sua decisão de fazerem parte deste projeto, preferindo manter os contributos e ideias recebidas como Iniciativa Liberal.”
Por isso, entenderam que as razões para se manter a página continuavam atuais, apesar de estarem a trabalhar na criação de uma nova página de Facebook. O Observador tentou falar com o dirigente demissionário, mas até ao momento não obteve resposta.