O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, assegurou, em entrevista à Lusa, que as eleições legislativas vão ser realizadas a 18 de novembro de 2018 e que não existe nenhum plano alternativo, apesar dos atrasos.
Em entrevista na Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Aristides Gomes disse que o processo eleitoral está atrasado, mas explicou: “neste momento, já temos todas as condições humanas e a maior parte das condições materiais para iniciarmos o processo de recenseamento”. Apesar disso, o país está a ser penalizado pela demora no envio do financiamento prometido por países parceiros.
Toda a gente diz: é preciso fazer as eleições na data prevista, mas o que não dizem é que as eleições se fazem com os meios que eles também prometeram”, afirmou Aristides Gomes, acrescentando que o atual período de verão é uma das justificações deste atraso no desbloqueamento de fundos, porque os parlamentos não estão a funcionar.
A outra dificuldade na organização das eleições é o atraso na chegada de ‘kits’ biométricos que são necessários para registo e identificação de cada eleitor. A Guiné-Bissau conta com alguns países que vão disponibilizar esses equipamentos, tendo o primeiro-ministro destacado a cooperação com Nigéria e com Timor-Leste.
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Timor-Leste nomeou um membro do Governo que estará instalado em Bissau durante três meses, mais uma prova da “irmandade, camaradagem e sentido de cooperação” entre os dois países, que Aristides Gomes destacou na entrevista à Lusa.
Depois do discurso no Conselho de Segurança da ONU, Aristides Gomes opinou que a comunidade internacional “é uma espécie de orquestra”, em que “cada um repete o que o outro disse” e daí a incerteza internacional que paira sobre a realização das eleições legislativas na data prevista.
É muito bonito dizer – é preciso fazer isto e aquilo, mas é preciso que os meios estejam à altura e, neste caso concreto, os meios são prometidos por países cujos representantes fazem esses discursos”, comentou Aristides Gomes. Por outro lado, sem ajuda internacional, o país já reuniu os “magros recursos que tem” e o processo vai ser mais rápido quando chegar o apoio do exterior.
“É indubitável que o meu governo fez esforços para recuperar o trem”, afirmou ainda o primeiro-ministro, referindo-se ao cronograma em que a organização das eleições deveria ter sido iniciada em fevereiro ou março e que o Governo atual só pôde iniciar em maio, pois entrou em funções em abril.
Para convencer os eleitores a acorrer às urnas e votar, o Governo apresenta o escrutínio aos cidadãos guineenses como “uma etapa fundamental” para a estabilização interna. “Não é suficiente fazer eleições, mas é necessário”, concluiu.