Foi o grande soundbite dos momentos que se seguiram à apresentação de Cristiano Ronaldo pela Juventus — que é como quem diz, a frase mais orelhuda, aquela que fica na memória, dita por alguém numa entrevista. Esse “alguém” foi Bruno Alves, que acompanhou in loco a apresentação do amigo e companheiro de seleção com a camisola da vechhia signora: “Ontem, ao jantar, pedi autorização à mãe se podia dar umas porradinhas nele e rimo-nos”, disse o central português, na altura também ele prestes a mudar-se para Itália, para vestir as cores do Parma (mas ao contrário de Ronaldo, não seria para se estrear na Série A, uma vez que já tinha representado o Cagliari em 2016/17).

“Vai ser bonito voltar a jogar contra ele”, atirou ainda Bruno Alves, amigo de longa data de Ronaldo — os dois até passaram férias juntos em Ibiza logo após Portugal se ter sagrado campeão europeu. “Ele está muito motivado, dão-lhe todas as condições para continuar a jogar bem. Ele mais do que ninguém já provou a toda a gente que tem todas as condições para triunfar em qualquer lugar do mundo. Eu acredito que ele pode ter sucesso aqui”, disse ainda Bruno Alves.

A verdade é que os dois primeiros jogos oficiais com a camisola da Juventus ainda não atiçaram a veia goleadora de CR7. Se contra o Chievo (vitória da Juve por 3-2) o português dispôs de uma mão cheia de oportunidades mas esbarrou numa muralha chamada Stefano Sorrentino, contra a Lazio (vitória por 2-0) tocou menos na bola (na primeira parte apenas por uma vez o fez na área), mas viu outro guarda-redes, desta vez Strakosha, negar-lhe o tão ambicionado golo.

Havia, por isso, a esperança de à terceira ser de vez. Ronaldo tinha sede de marcar, mas quem primeiro bebeu o golo foi Mandzukic, logo aos dois minutos, num lance algo estranho: Cuadrado cruzou da direita, o croata tentou um cabeceamento, com a bola a bater nas costas de um defesa do Parma, ficando depois isolado na cara do guarda-redes. Há exatos cinco anos que a Juve não marcava tão cedo num jogo da Série A.

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Mas nem tudo foram rosas para a vecchia signora. A equipa de Bruno Alves (que foi titular, ao contrário de João Cancelo, do outro lado) deu luta e haveria mesmo de chegar ao golo do empate por Gervinho, que encostou de joelho, no coração da área, depois de um cruzamento de Gobbi vindo da esquerda que ainda desviou em Inglese.

Já Ronaldo, que manteve os mesmos parceiros de ataque que tinha encontrado frente à Lazio, Bernardeschi e Mandzukic (no jogo de estreia tinham sido Dybala e Douglas Costa), mas teve algumas dificuldades em entrar no jogo. Ainda assim quase marcou num cabeceamento aos 27 minutos que passou muito perto do poste esquerdo de Luigi Sepe e que fez (e muito) cheirar a golo no Ennio Tardini.

A Juventus foi para o intervalo a sofrer aos pés de um Parma que podia ter passado para a frente do marcador pelo menos em duas ocasiões. Mas o descanso fez bem à formação de Massimiliano Allegri, que voltou mais forte, mais desequilibradora e com Ronaldo a descair para o corredor esquerdo. Foi dali que criou mais uma oportunidade: puxou do flanco para dentro, rematou contra o amigo Bruno Alves e na ressaca atirou por cima.

A Juve crescia e com ela crescia CR7 no jogo. Mas o 2-1 chegou sem intervenção do português numa grande jogada cozinhada pela esquerda a três. Alex Sandro abriu caminho, Mandzujic assistiu de calcanhar e Matuidi fuzilou as redes do Parma num remate no limite do ângulo. Até final, a Juventus continuou por cima, Ronaldo muito batalhou pelo golo que, visivelmente, quer marcar, mas que voltou a não lhe sair, nem mesmo com as ‘porradinhas’ do amigo Bruno Alves.