Assaltos e bolas de berlim

É o seu primeiro dia de férias: acaba de se instalar confortavelmente na toalha de praia depois de um retemperador — e merecido — mergulho. Estica os braços, fecha os olhos e começa a salivar porque, ao longe, já ouve a buzina e o pregão do vendedor de bolas de berlim. Nem desconfia que a 300 quilómetros de distância alguém se prepara para entrar em sua casa por uma das janelas. Prepara, não. Preparava. E porquê? Porque ao tentar abrir a dita, o sensor de contacto magnético faz disparar o alarme, dissuadindo de imediato esse mesmo intruso. Em menos de 20 segundos a central de segurança Prosegur é avisada, recebendo um registo de vídeo da ocorrência: um vigilante é enviado ao local e a polícia é avisada. Está tudo bem. Recebe uma chamada a informar do sucedido mas não precisa de interromper as férias, e nem sequer a degustação da bola de berlim que, por sinal, está perfeita: massa fofa, leve, e creme de ovo a sério, doce e amarelo que só ele, nada daqueles cremes de pasteleiro sensaborões típicos de panificação industrial.

Onde há fumo há fogo? Só se não houver alarme

Foi passar o fim-de-semana fora em modo casal e deixou os seus filhos adolescentes em casa. Afinal, já têm idade para ter juízo. E eles prometeram tê-lo. Enquanto usufrui da companhia do seu cônjuge — e como é bom terem tempo só para vocês — o mais velho decide aproveitar cozinha, sala e demais divisões à sua mercê e convida os amigos para um jantar lá em casa. O mais novo promete não dizer nada se puder entrar na festa. Negócio fechado. Abrem-se uns livros de receitas, espreitam-se uns vídeos no YouTube, está escolhida a ementa. O mais velho conhece bem a gaveta dos aventais, sabe onde é que guarda as facas, panelas e frigideiras. Tem, até, alguma queda para a função, fruto das horas passadas consigo na cozinha. A receita faz-se, os amigos chegam, a refeição é servida. Problema: um dos bicos do fogão ficou ligado com a sua frigideira favorita por cima. O fumo que daí resulta depressa chega ao sensor ótico, que envia imediatamente um sinal à Central de Segurança da Prosegur. Recebe um telefonema, que, infelizmente, lhe interrompe o fim-de-semana romântico. Felizmente, porém, não chega a haver incêndio: o seu filho apercebe-se do sucedido a tempo e desliga o fogão evitando males maiores. A frigideira está irremediavelmente comprometida mas as mesadas de castigo prometem financiar uma nova.

O jacuzzi do vizinho

O sonho do seu vizinho de cima era substituir a velha banheira lá de casa por uma de hidromassagem. Tanto quis, tanto insistiu, tanto poupou que a mulher, que nunca fora dada a esses luxos, lá cedeu aos seus intentos. A nova banheira chegou a uma sexta-feira, em pleno inverno, e não demoraram a experimentá-la. Nesse fim-de-semana, trocaram a lareira pela água quente, com direito a jactos e borbulhas. Ele estava regalado. Ela rendida. Problema: numa dessas sessões, e após uns copos de vinho a mais, deixaram o jacuzzi ligado enquanto prosseguiram a festa noutra divisão da casa. Como o sistema de transbordo estava mal instalado, a água começou a acumular-se e a infiltrar no piso de baixo. Começou a chover no seu piso, uma chuva miudinha, molha-tolos, mas que também molha tacos, que empolaram por ação da água. Como não estava em casa, foi necessário o detetor de inundações da Prosegur entrar em acção. Recebeu um telefonema, entrou em contacto com o vizinho, que de imediato desligou o jacuzzi e se prontificou a pagar os prejuízos. Que podiam ter sido muito maiores.

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