A comissão permanente do Parlamento votou esta quinta-feira um voto de pesar, da autoria do PSD, pelo falecimento do senador norte-americano John McCain, mas PCP, Bloco de Esquerda e Verdes votaram contra. Numa declaração de voto distribuída aos jornalistas, o PCP explica porquê: “Não se justifica que a Assembleia da República homenageie um paladino do militarismo e da guerra, que viola princípios da Constituição da República Portuguesa, da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional”.

O republicano John McCain morreu no passado dia 25 de agosto, vítima de um tumor agressivo no cérebro. Tinha 81 anos de vida e 60 de vida política, que começou depois de ter estado cinco anos preso na guerra do Vietname. “Se foi prisioneiro de guerra, durante a guerra do Vietname, foi porque foi derrubado o avião que pilotava e que procedia ao bombardeamento desse país”, lê-se na declaração de voto dos comunistas, que acrescentam que os EUA, nos bombardeamentos ao Vietname, usaram armas não convencionais em larga escala, como o napalm, o agente laranja e outras armas químicas “cujos efeitos ainda se fazem hoje sentir”.

Na justificação do voto contra, o PCP lembra ainda que John McCain “apoiou a ilegal invasão do Afeganistão em 2001”, “apoiou o desencadear da guerra de agressão contra o Iraque, em 2003”, “apoiou a agressão da NATO contra a Líbia”; e “apoiou a guerra  de agressão contra a Síria, com o imenso rol de crimes e cortejo de morte, sofrimento e destruição, incluindo os milhões de deslocados e refugiados e o drama que comporta”.

Mais: John McCain não só apoiou como, continua a ler-se, se “encontrou com bandos fundamentalistas islâmicos armados, em viagens ilegais à Líbia e à Síria”, assim como “foi permanentemente promotor de conflitos armados com a Rússia”.

A declaração do PCP faz igualmente uma alusão às divergências entre o falecido senador norte-americano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O facto de que o embate que hoje divide diferentes setores da classe dirigente norte-americana tenha levado a que as cerimónias fúnebres de John McCain fossem transformadas num espetáculo mediático em nada interessa ao povo português”, defendem os comunistas.

Além do voto de pesar pelo falecimento de McCain, o Parlamento votou ainda um voto de pesar do CDS pela morte do empresário português Pedro Queiroz Pereira, tendo o PCP sido o único a votar contra (BE e Verdes abstiveram-se).

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