As dúvidas sobre o doutoramento de Pedro Sanchéz foram colocadas depois da polémica que levou à demissão de Carmen Montón do cargo de ministra da Saúde espanhola, por irregularidades no mestrado. Esta quarta-feira, durante o debate no Congresso, Albert Rivera, deputado do Ciudadanos, desafiou Sánchez a tornar pública a sua tese: “Acabemos com a suspeita. Não pode haver um ‘caso presidente do Governo’. Torne pública a sua tese de doutoramento para acabar com as dúvidas”, disse Albert Rivera.

“A minha tese está publicada no Teseo [a base de dados de teses de doutoramento do Ministério da Educação]. Você dirá que não, mas você não prepara as perguntas”, respondeu o presidente do Governo. O Teseo tem, de facto, esse registo, mas disponibiliza apenas a ficha técnica da tese intitulada ‘Inovações da diplomacia económica espanhola: análise do setor público (2000-2012)’. Além de um resumo de cinco linhas, aparece ainda o nome da orientadora da tese e a composição do júri, que avaliou o trabalho com a classificação máxima.

Ministra da Saúde espanhola demite-se devido a irregularidades no mestrado

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Isso não quer dizer, ainda assim, que a tese não possa ser consultada. Na biblioteca da Universidade Camilo José Cela, onde Pedro Sánchez concluiu o doutoramento, é possível ter acesso ao documento, embora não seja permitido fazer cópias. Ao El País, uma trabalhadora da biblioteca explicou que a tese não está digitalizada porque tal decisão está nas mãos do autor.

A dúvida de Albert Rivera estaria relacionada com suspeitas de um possível plágio, mas a universidade onde o chefe do Governo estudou já veio descartar essa hipótese, revela o El Español. Depois de analisada a tese, a plataforma usada pela instituição para despistar plágio apenas detetou 15% de coincidências com outros textos. De acordo com fontes da universidade, esta percentagem é bastante baixa e está relacionada com as referências bibliográficas usadas por Pedro Sánchez.

O caso soma-se a uma lista cada vez mais longa de suspeitas sobre o currículo de governantes e políticos espanhóis. Pablo Casado, por exemplo, está a ser investigado por causa do mestrado em Direito Autonómico e Local da Universidade Juan Carlos I de Madrid, feito, alegadamente, com privilégios especiais. O agora líder do PP entregou apenas quatro dos 90 trabalhos exigidos e assistiu somente às aulas de quatro das 18 cadeiras previstas naquele curso. Ainda assim, ficou com o título de mestre.

Pablo Casado começou “ontem”, mas a polémica do mestrado pode deixá-lo sem “amanhã”