O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, está a negociar com o Governo a criação de uma faixa para autocarros na autoestrada A5, que liga Cascais a Lisboa, confirmou o autarca esta quinta-feira em entrevista à SIC Notícias. Fernando Medina justificava um “compasso de espera” no projeto de requalificação da Segunda Circular com a “importância estratégica de introduzir um corredor de transporte público sobre a A5”.

“Um dos principais eixos de entrada de carros na cidade de Lisboa, onde há imensas urbanizações e onde moram milhares de pessoas, não tem nenhum transporte público”, sublinhou o autarca. “O que propusemos ao Governo, e que está em estudo com o Governo, é a criação de um corredor de transporte público sobre a A5, que é o que nos vai permitir tirar carros do centro da cidade de Lisboa”, confirmou.

Medina garantiu ainda que os autarcas de Oeiras e de Cascais, municípios também servidos pela autoestrada, concordam com a medida.

A média de carros por dia na A5 (Fonte: IMT)

A A5 é uma das estradas mais movimentadas no país, passando ali uma média que vai dos 82 mil carros por dia em agosto (mês com a média mais baixa) aos quase 93 mil carros por dia em maio (mês com a média mais alta).

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Taxa ‘Robles’: problema da habitação não se resolve com impostos

Questionado sobre a polémica em torno da taxa ‘Robles’, Fernando Medina disse não ver “de que forma” é que o problema se pode resolver com impostos. “Taxa Robles” foi o nome dado pelo CDS-PP a uma proposta que o Bloco de Esquerda disse estar a negociar com o Governo para incluir no próximo Orçamento do Estado sobre uma tributação adicional das mais-valias sobre as vendas de casas. O primeiro-ministro, António Costa, e o PS fecharam a porta a essa proposta.

“Penalizar a rotação no mercado imobiliário não aumenta o número de casas”, afirmou. “A prioridade deve ser aumentar o número de casas disponível” para as famílias de classe média, continuou.

Fernando Medina destacou que Lisboa enfrenta, tal como o Porto ou as grandes cidades europeias, “um problema de crescimento muito acelerado dos preços da habitação”.

Para o resolver, o autarca garantiu que a Câmara Municipal de Lisboa tem feito aquilo que está ao seu alcance, e sublinhou uma proposta que já apresentou ao Parlamento para a redução dos impostos para quem decida colocar uma casa no arrendamento de longa duração.

“O que dizemos aos proprietários é: em vez de a vender, deixando de ter essa renda, ou em vez de a pôr no alojamento local, pode colocá-la no arrendamento de longa duração”, destacou.

A medida tem como objetivo criar um “incentivo” a que os proprietários optem por colocar as casas no arrendamento de longa duração em vez de as venderem ou disponibilizarem em plataformas de alojamento local, aumentando assim o número de casas no mercado de arrendamento.

Contudo, a medida ainda não foi discutida no Parlamento e Medina diz não perceber porquê.

“É essencial que o Estado faça mais”, afirmou. “Não se pode esperar que seja uma câmara isolada a resolver o problema”, sublinhou, garantindo, por exemplo, que até ao primeiro trimestre do próximo ano a autarquia vai entregar 600 casas para serem habitadas.