O Dalai Lama, o líder espiritual tibetano, reconheceu no sábado, pela primeira vez, que tinha conhecimento desde os anos 1990 de casos de abusos sexuais cometidos por mestres budistas.
Dalai Lama está de visita à Holanda e numa entrevista à televisão publica NOS admitiu que sabia há várias décadas de casos de abusos por parte de professores budistas e que em 1993 chegou a discutir o assunto com líderes budistas ocidentais.
A declaração surge um dia depois de o líder espiritual, de 83 anos, ter recebido testemunhos escritos de 12 supostas vítimas de abusos físicos e psicológicos por parte de vários professores budistas tibetanos.
Na sexta-feira, o Dalai Lama esteve reunido cerca de 20 minutos com quatro representantes do grupo de vítimas, que pediram para que usasse da sua autoridade moral para influenciar a fé.
Na entrevista de sábado, o Dalai Lama disse que aqueles relatos “não eram novos”, porque “já sabia dessas coisas”, nomeadamente das acusações contra Sogyal Rimpoché, um polémico mestre budista, acusado desde 1992 de todo o tipo de abusos a alunos em retiros na Europa, em particular em França, que estão em investigação.
O líder espiritual tibetano, Nobel da Paz em 1989, afirmou que as vítimas “devem tornar as suas histórias públicas”, denunciando a identidades dos agressores.
O grupo que fez as denúncias usou o hashtag #metooguru e reuniu cerca de 1.300 assinaturas numa petição, que decorreu online, a pedir uma reunião com o líder espiritual dos budistas para que fossem recebidos os testemunhos das alegadas vítimas.
O Dalai Lama ter-se-á comprometido a agir e disse que iria apresentar os relatos das 12 alegadas vítimas durante uma reunião com professores budistas sobre os abusos sexuais, físicos e psicológicos.