Dentro de duas semanas o Brasil vai ter eleições presidenciais e daqui a dois meses os Estados Unidos vão às urnas para escolher novos congressistas e senadores. Numa época em que se sabe, oficialmente, que empresas como a Cambridge Analytica têm o objetivo de utilizar as redes sociais para influenciar eleitores a todo o custo, o Facebook anunciou que vai ter uma “sala de guerra” [war room, em inglês] apenas para fiscalizar as eleições brasileiras e norte-americanas.
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A aposta nesta luta contra a interferência em eleições está a ser “tão intensa como quando [o Facebook] fez a transferência da visualisação maioritária da rede social em PC para o mobile”, afirmou Samidh Chakrabarti, diretor para eleições e trabalho cívico, em comunicado disponibilizado pela empresa. O responsável afirma que a circulação de fake news no Facebook foi reduzida para metade desde as eleições presidenciais americanas em 2016.
Além de medidas extra na plataforma, como novas regras de seguranças para pessoas que estão ligadas a campanhas eleitorais, o Facebook criou na sede, em Menlo Park, uma “sala de guerra” [um centro de comando]. Nesta nova divisão a rede social juntou membros de vários departamentos da empresa — legal, engenharia informática, análise de dados, entre outros — apenas para fiscalizar e deter em tempo real possíveis interferências em eleições. Segundo o El País, que participou numa conferência telefónica sobre esta nova medida, 20 pessoas vão estar a tempo inteiro nesta sala.
“Nos dias que antecedem as eleições vemos uma subida dramática em páginas administradas em outros países na promoção de conteúdo eleitoral”, explica Chakrabarti como um dos exemplos de padrões a que esta “sala de guerra” vai estar com mais atenção. Para garantir a imparcialidade deste centro de comando, o Facebook divulgou que fez parcerias com o International Republican Institute e com o National Democratic Institute para “manter a integridade das eleições internacionalmente”.
Monica Guise Rosina, do Facebook Brasil, referiu que um dos grandes esforços está focado na propaganda feita na plataforma: “É a primeira vez que candidatos e partidos podem investir dinheiro em conteúdo político em plataformas online”. Para manter a integridade, o objetivo é “garantir a transparência” e, no caminho para esta missão, o Facebook falou com mais de mil magistrados brasileiros de vários estados do Brasil para “estabelecer um diálogo positivo para demonstrar aspetos práticos da plataforma”. Além disso, o Facebook aliou-se a fact-checkers no Brasil para evitar a proliferação de fake news.