Vai deixar de ser presidente do conselho de administração? “Que eu saiba, não há conversas sobre isso”. Foi assim que Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, respondeu a uma das várias perguntas numa conferência telefónica com jornalistas de todo o mundo, da qual o Observador fez parte. No seguimento da polémica com a utilização de dados de perfis pela empresa e análise de dados Cambridge Analytica, e depois de a rede social avançar que não foram “cerca 50 milhões”, mas sim 87 milhões os perfis utilizados, Zuckerberg quis dirigir-se a jornalistas.

O criador da maior rede social do mundo começou a conferência por deixar uma mensagem de apoio ao YouTube, da Google, após o tiroteio desta terça-feira à sede da empresa. “Silicon Valley é uma comunidade unida”, disse Zuckerberg. Após a mensagem de apoio, falou das alterações que o Facebook está a desenvolver, como a nova forma de apresentação dos termos de utilização da plataforma lançada esta quarta-feira.

Consegue o Facebook manter a segurança do sistema e não afetar a democracia, perguntam as pessoas. A resposta às duas questões é: sim”, salientou o presidente executivo da rede social. Já quanto aos abusos do sistema por parte de empresas como o caso Cambridge Analytica, voltou a afirmar: “Não fizemos o suficiente para prevenir os abusos”.

Uma das perguntas que teve uma resposta mais efusiva por parte de Zuckerberg, foi quanto a despedimentos na sequência da história avançada pelo The Observer, uma publicação do The Guardian, há cerca de três semanas. “Não vou tentar culpar alguém”, disse o executivo. “Na dúvida, se alguém é responsável, sou eu”, afirmou. No entanto, reiterou que a empresa ainda está a trabalhar em perceber o caso.

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Outro dos pontos que que também teve resposta de Zuckerberg é se considera que é a melhor pessoa para estar ao leme da empresa. “Sim, acho que a vida é aprender com os erros. Se tivéssemos acertado nisto, havia outras coisas que tínhamos falhado”, respondeu.

12 coisas que tem de saber para perceber a polémica do Facebook e da Cambridge Analytica

Quanto às alterações que a rede social está a implementar, Zuckerberg desmentiu uma notícia da Reuters, avançada esta terça-feira. A artigo diz que as mudanças de privacidade da rede social vão ser diferentes na União Europeia, com a chegada, a 25 de maio, da data em que o novo regulamento de proteção de dados (o RGPD) passa a ser plenamente aplicável.

Acho que regulação como o RGPD é muito necessária. Queremos pôr o mesmo controlo de igual forma, em todo o lado. Não só na Europa. Vamos disponibilizar as mesmas ferramentas em todo o lado”, afirmou Mark Zuckerberg quanto às novas medidas para a proteção de dados.

Durante a chamada, a Cambridge Analytica fez um tweet a afirmar que utilizou dados de 30 milhões de contas, e não 87 milhões, como afirmou o Facebook. “Vamos agir por meios litigiosos se necessário”, respondeu Zuckerberg quanto às afirmações da empresa.

Zuckerberg adiantou que a empresa ainda tem trabalho a fazer para explicar o trabalho que faz. “Não vendemos o tráfego dos utilizadores, apenas damos acesso a dados que as pessoas põem nas contas”, disse. “Temos anúncios para a plataforma existir sem as pessoas pagarem”, defendeu-se o presidente executivo quanto à utilização do Facebook de dados dos utilizadores.

Podemos fazer um melhor trabalho a explicar o que fazemos realmente. Não vendemos tráfego dos utilizadores. Apenas damos acesso aos dados que as pessoas põem nas contas”, disse Mark Zuckerberg quanto ao modelo de negócio do Facebook.

Questionado ainda sobre ter dito, em 2016, que a influência de notícias falsas na eleições era “uma loucura”, Zuckerberg afirmou: “Fiz um erro. Acho que é claro neste momento que tiveram alguma influência. Esta quarta-feira a empresa anunciou que suspendeu 273 contas de agências russas que tinham serviços para “manipular a informação”.

Estas contas tinham ligações à Internet Research Agency (IRA), uma empresa russa criada para “influência online“. Falando diretamente das Fake News e da IRA, Zuckerberg afirmou que “é uma batalha que nunca acaba”. Mesmo assim, disse que é possível minimizar o problema, mas ainda “vai demorar alguns anos”. Para isso, a empresa tem aplicado várias ferramentas de inteligência artificial em conjunto com milhares de funcionários dedicados à segurança na rede social.