Com um discurso já em tom de campanha eleitoral, o secretário-geral do PCP voltou a afastar-se do PS, acusando os socialistas de impedirem mais avanços. Os avanços que o PCP considera necessários e essenciais para o país. Como exemplo – não inocente -, o líder comunista utilizou “a luta dos professores” para demonstrar que os socialistas funcionam como travão às pretensões “justíssimas” dos trabalhadores.

“A contagem do tempo de serviço para efeitos de progressão teve consagração em lei por via do Orçamento do Estado de 2018”, recordou. A “decisão do Governo de terminar unilateralmente as negociações” é “ilegítima e injusta”, considerou ainda Jerónimo de Sousa. Por isso, exige que se cumpra aquilo que foi aprovado no ano passado.

Os avanços até agora alcançados e a disposição do Governo para contabilizar parcialmente o tempo de serviço dos professores é um sinal positivo mas insuficiente. A contagem integral é um imperativo para os comunistas e, acredita o líder do PCP, será conseguida através da via negocial, que o Executivo quebrou “unilateralmente”.

Recorde-so que, numa entrevista ao DN e à TSF publicada este domingo, Catarina Martins também bateu o pé e exigiu ao Governo que cumprisse com o que aprovou no ano passado no âmbito do Orçamento do Estado: a contagem integral do tempo de serviço. “Não aprovaremos outra lei”, avisou. No entanto, a coordenadora do Bloco de Esquerda não pede que a contabilização seja feita toda no mesmo ano, exige que, pelo menos, sejam estipulados prazos para a sua reposição.

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Catarina Martins encosta PS à parede sobre professores: “Não aprovaremos outra lei”

Foi no Ribatejo que o PCP decidiu fazer as suas jornadas parlamentares, mais concretamente em Santarém. Um distrito onde  a agricultura tem peso e onde os comunistas costumam eleger um deputado. Receita ideal para tornar o terreno mais fértil para a difusão da sua mensagem. E foi com a sala cheia que Jerónimo de Sousa deu início aos trabalhos.

A lógica para atirar contra o Governo foi sempre a mesma ao longo da sessão de abertura destas jornadas parlamentares do PCP: sublinhar a luta dos trabalhadores e dos comunistas ao mesmo tempo que se aponta o dedo ao PS por não ser possível ir mais longe. O diagnóstico está feito e o problema identificado. A solução, repetiram por diversas vezes João Oliveira, João Ferreira e Jerónimo de Sousa – os intervenientes nesta sessão de abertura -, passa pela “política alternativa, patriótica e de esquerda” que os comunistas têm para oferecer ao país. Um discurso que já tinha começado a fazer o seu caminho na Festa do Avante.

O caderno das exigências não se ficou pelos professores. O secretário-geral do PCP pediu o aumento geral dos salários da função pública, a subida do salário mínimo para 650€, o aumento extraordinário das pensões e das reformas, a redução do IVA da eletricidade e do gás para 6% e, ainda, uma aposta no investimento público.

Houve ainda tempo para encetar caminho rumo às europeias – ou não tivessem “as restrições impostas” por Bruxelas marcado o discurso quer de Jerónimo de Sousa quer de João Ferreira, que se vai assemelhando cada vez mais à figura de recandidato às eleições europeias.