O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, acusou esta terça-feira o presidente do executivo regional catalão, Quim Torra, de encorajar os separatistas radicais e advertiu-o de que “a violência não é o caminho”. “A política catalã deve voltar ao parlamento [regional]. O presidente Torra deve cumprir com as suas responsabilidades e não pôr em risco a normalização política incentivando os radicais a assediar as instituições que representam todos os catalães. A violência não é o caminho”, escreveu Sánchez numa mensagem na sua conta na rede social Twitter.
O primeiro-ministro espanhol reagiu desta forma às palavras de Quim Torra, que na segunda-feira apoiou as ações dos CDR (Comités de Defesa da República) durante as comemorações do primeiro aniversário do referendo unilateral de autodeterminação da Catalunha ilegalizado pelo Estado espanhol.
Numa concentração junto à sede da Polícia Nacional, em Barcelona, na segunda-feira ao fim do dia, os manifestantes arremessaram objetos e tinta contra os agentes que estavam no local, enquanto no parlamento da Catalunha tentaram retirar as vedações de proteção e entrar no edifício.
Ativistas independentistas tinham bloqueado logo de manhã autoestradas, linhas de caminho de ferro e várias artérias de Barcelona, e ao longo de todo o dia ocorreram outras ações dos movimentos separatistas. O presidente do executivo regional saudou as ações dos CDR, um grupo separatista mais radical, numa declaração em que sublinhou que faziam “bem em aumentar a pressão”.
Os independentistas reclamam há muito tempo um referendo regional sobre a independência da Catalunha, em moldes semelhantes aos que foram realizados no Quebeque (Canadá) ou na Escócia (Reino Unido). No entanto, a Constituição de Espanha apenas permite uma consulta eleitoral que ponha em causa a unidade do país se esta for realizada a nível nacional.
O Governo regional liderado por Carles Puigdemont, apoiado desde 2015 por uma maioria parlamentar de partidos separatistas, organizou e realizou um referendo em 1 de outubro de 2017, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.
O processo de independência foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na Comunidade Autónoma. As eleições regionais, que se realizaram em 21 de dezembro último, voltaram a ser ganhas pelos partidos separatistas.
Nove dirigentes independentistas estão presos à espera de julgamento por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa separatista falhada.
Os independentistas consideram que os detidos em prisões espanholas pelo seu envolvimento na tentativa de autodeterminação são “presos políticos”. O principal líder separatista, o ex-presidente da Generalitat (executivo regional) Carles Puigdemont vive exilado na Bélgica, depois de a Justiça espanhola não ter conseguido a sua extradição da Alemanha, para ser julgado por crime de rebelião.