Pelo menos 17 pessoas morreram e algumas dezenas (número ainda por precisar) ficaram feridas depois de um aluno ter disparado sobre quem se encontrava no Instituto Politécnico da cidade de Kerch, no leste da Crimeia, noticia a BBC. O aluno suicidou-se de seguida.

Investigadores russos citados pela BBC já tinham avançado que se poderia tratar de um “homicídio em massa” e que o principal suspeito seria um rapaz de 18 anos, Vladislav Roslyakov. Um amigo do suspeito, entrevistado pela estação televisiva russa RBK TV, disse que Vladislav Roslyakov “odiava a escola técnica como tudo”.

[Veja no vídeo o cenário de destruição que o atirador deixou]

O número de vítimas mortais tem vindo a aumentar. Pouco depois das primeiras notícias sobre uma explosão, uma fonte médica afirmou à agência de notícias RIA Novosti: “Como resultado de uma explosão no Instituto Politécnico, 10 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas”. Entre as vítimas estão muitos adolescentes, dado que o local atingido é uma escola profissional.

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Segundo as primeiras informações, a causa do incidente teria sido uma explosão de gás. De acordo com informações citadas pela BBC, haveria um engenho explosivo que teria sido detonado no local, o que numa fase inicial orientou as autoridades para uma investigação de possível atentado. Mais tarde, terão percebido tratar-se do caso de um ataque armado de um aluno.

Ainda não há detalhes oficiais e exatos sobre o ataque. Os relatos de alunos e trabalhadores da escola sugerem que poderá ter havido tiros e explosões durante o ataque. A televisão estatal Russia Today refere que o comité antiterrorismo russo confirmou que se tratou de um aparelho explosivo improvisado, que terá sido detonado na cantina da escola.

O tiroteio deu-se no politénico em Kerch, zona onde a Rússia construiu uma ponte entre a península e o país. A Rússia anexou a Crimeia, região que pertencia à Ucrânia, em 2014, num caso que desencadeou sanções dos países ocidentais. Desde aí, já se registaram alguns episódios de violência e conflito.

Há filmagens do local que mostram veículos blindados e camiões militares alinhados junto no instituto politécnico. O ministro da defesa russo Sergei Shoigu disse que o exército estava já a enviar forças e utensílios para ajudar as vítimas, refere a agência noticiosa Reuters.

“Há corpos de crianças em todo o lado”

A diretora do instituto descreveu o cenário no local como um banho de sangue e relatou os acontecimentos dando a entender que poderá ter havido mais do que um atacante: “Há corpos em todo o lado, corpos de crianças em todo o lado. Foi um verdadeiro ato de terrorismo. Rebentaram tudo no hall, havia vidros a voar”, referiu, citada pela agência Reuters.

“Atiraram um tipo qualquer de explosivos para vários pontos e depois correram para o segundo andar com armas, abriram as portas do escritório e mataram todos os que encontraram”, referiu ainda.

O presidente russo Vladimir Putin já reagiu ao ataque, considerando-o “um evento trágico”. Putin enviou ainda as suas condolências às famílias das vítimas, pediu um minuto de silêncio e declarou: “Isto é claramente um crime. Os motivos vão ser cuidadosamente investigados”.

No local estiveram ainda quatro aviões militares, prontos para evacuar as instalações e transportar as vítimas quando necessário.

Sergei, 15 anos: “Vi pessoas sem braços, outras sem pernas”

Anastasia Yenshina, estudante de 15 anos da escola em que o ataque aconteceu, contou como viveu os acontecimentos à agência Reuters. Estava na casa de banho do primeiro andar da escola com amigas quando ouviu o som de uma explosão: “Saía e havia poeira e fumo, não conseguia perceber, tinha ficado surda” por um momento.

“Toda a gente começou a correr. Não sabia o que fazer. Depois disseram-nos para abandonarmos o edifício através do ginásio. Vi uma rapariga lá deitada. Havia uma criança que teve de ser ajudada a caminhar porque não conseguia mexer-se. A parede estava coberta de sangue. Depois toda a gente começou a trepar a cerca e ainda conseguíamos ouvir explosões. Toda a gente estava com medo, as pessoas estavam a chorar”, contou ainda.

Anastasia não foi a única aluna menor a relatar como viveu o ataque. Sergei, de 15 anos, contou (também à agência noticiosa Reuters) que quando se apercebeu dos acontecimentos, correu para um edifício distante mas ainda ouviu de forma intermitente sons de explosões. Sergei conseguiu esconder-se e depois do ataque foi transportado de ambulância para o hospital de Kerch: “Cheguei e o cenário era horrível. Traziam pessoas totalmente cobertas em sangue, algumas sem braços, outras sem pernas”.