A quatro dias da segunda volta das eleições presidenciais do Brasil, o ex-presidente Lula da Silva divulgou uma carta pedindo a união do povo brasileiro em torno da candidatura de Fernando Haddad do Partido dos Trabalhadores (PT) perante a ameaça de “um enorme retrocesso para o país”. Sem nunca referir o nome de Jair Bolsonaro — o candidato da extrema-direita que segue à frente nas projeções com uma vantagem de 14 pontos percentuais —, Lula, que está preso em Curitiba, falou na necessidade de lutar contra a “ameaça da fascista” que paira sobre o Brasil e de votar em Haddad.

“Neste momento, acima de tudo, está [em causa] o futuro do país, da democracia e do nosso povo. É hora de votar em Fernando Haddad, que representa a sobrevivência do pacto democrático, sem medo e sem vacilações”, escreveu Lula da Silva, citado pelo jornal Folha de São Paulo.

Haddad tentou fugir da sombra de Lula. E fracassou

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Defendendo o “legado” que o PT deixa ao Brasil, nomeadamente no “compromisso” para com a “democracia”, o ex-presidente percorreu as diferentes medidas tomadas pelo partido ao longo dos anos, questionando o porquê da oposição que levou a que Bolsonaro se tornasse num dos principais candidatos à presidência brasileira. “Minha maior preocupação é com o sofrimento do povo, que só vai aumentar se o candidato dos poderosos e dos endinheirados for eleito. Mas fico pensando, todos os dias: por que tanto ódio contra o PT?”, interrogou, aproveitanto a oportunidade para declarar mais uma vez a sua inocência.

“Será que nos odeiam porque tiramos 36 milhões de pessoas da miséria e levamos mais de 40 milhões à classe média? Porque tiramos o Brasil do Mapa da Fome? Porque criamos 20 milhões de empregos com carteira assinada, em 12 anos, e elevamos o valor do salário mínimo em 74%?”, escreveu.

Lembrando que o PT “nasceu na resistência à ditadura e na luta pela redemocratização do país, que tanto sacrifício, tanto sangue e tantas vidas nos custou”, Lula apelou ainda a que que todas as divergências sejam resolvidas “por meio do debate, do argumento, do voto”. “Não temos o direito de abandonar o pacto social da constituição de 1988. não podemos deixar que o desespero leve o Brasil na direção de uma aventura fascista, como já vimos acontecer em outros países ao longo da história”, afirmou.