“A Revolução Silenciosa”
História real. Em 1956, num liceu de uma cidade da RDA, ainda o Muro de Berlim não tinha sido construído, um grupo de alunos finalistas, emocionado e indignado com a repressão soviética do levantamento popular na Hungria, que seguiam indo ao cinema na RFA e ouvindo a rádio ocidental às escondidas, fez um minuto de silêncio por solidariedade numa aula. O caso tomou proporções de delito de Estado e a maioria dos rapazes e raparigas da turma prevaricadora foram instados à delacção, acusados de ser contra-revolucionários e depois expulsos, tendo fugido para a RFA para poderem acabar o curso. A história é recriada pelo alemão Lars Kraume (“Fritz Bauer-Agenda Secreta”) em “A Revolução Silenciosa”, que evoca e celebra a coragem, a dignidade e a força de carácter desse punhado de adolescentes, retrata o cinzentismo totalitário da vida na RDA e mostra as dolorosas e complexas divisões que a II Guerra Mundial e o retalhar do país em dois causou entre os alemães, sem recorrer a reducionismos, maniqueísmos ou atalhos melodramáticos. O elenco juvenil é uniformemente impecável e Kraume fecha o filme com uma foto da turma verdadeira.
“Halloween”
Passados 40 anos sobre a estreia do clássico de John Carpenter “Halloween — O Regresso do Mal” (1978), que veio redefinir e vitaminar o filme de terror, “Halloween”, de David Gordon Green, em que Carpenter e Jamie Lee Curtis são produtores executivos, ele é também o autor da banda sonora e ela volta a personificar Laurie Strode, pede-nos para esquecermos todos os filmes que houve entre este e o original, apresentando-se como a sua continuação directa e legítima. Laurie, a quem os acontecimentos de há 4o anos deixaram viva mas traumatizada, que não mais conseguiu ter uma vida normal (divorciou-se duas vezes, a filha chegou a ser-lhe tirada pela Assistência Social e tem relações tensas com a família) e espera pelo duelo final com Michael Myers, instalada numa moradia-fortaleza isolada e a abarrotar de câmaras de vigilância, holofotes e armas. A família diz que ela se transformou numa Cassandra securitária. Mas Laurie sabe do que é a casa do Mal gasta. E na noite de Halloween, Myers evade-se do hospício de alta segurança onde estava preso há quatro décadas e regressa a Haddonfield para o confronto decisivo com Laurie. “Halloween” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.