José Peseiro foi despedido de treinador do Sporting após a derrota dos leões com o Estoril em Alvalade a contar para a Taça da Liga. A informação foi avançada esta madrugada pelo jornal A Bola – que acrescentava que a comunicação foi feita pelo presidente verde e branco, Frederico Varandas, numa conversa poucas horas depois do encontro – e confirmada pelo Observador, apesar de, até ao momento, não haver ainda qualquer missiva oficial do clube sobre o assunto por não existir entendimento entre as partes para a revogação do vínculo contratual previsto até ao final da temporada.

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Depois de um início positivo, com dez pontos nas primeiras quatro jornadas (altura em que se realizaram as eleições no clube), o Sporting somou seis vitórias e quatro derrotas. Apesar do desaire em Braga, os primeiros sinais de contestação ao técnico foram surgindo sobretudo a partir do tropeção frente ao Portimonense, então último classificado do Campeonato. Ainda assim, e apesar das contas mais “apertadas” na Taça da Liga depois desta noite, os leões encontram-se em todas as frentes com que começaram a época, com dois pontos de atraso na Primeira Liga, na quarta eliminatória da Taça de Portugal e com o apuramento ao alcance na Liga Europa, onde passam os dois primeiros classificados de cada grupo.

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Contratado por Sousa Cintra, então líder interino da SAD, para suceder a Jorge Jesus no comando técnico do Sporting, Peseiro realizou um total de 14 jogos oficiais pelos leões nesta segunda passagem pelo clube entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa, com nove vitórias, um empate e quatro derrotas – três nos últimos cinco encontros. Antes, o treinador passara pelo conjunto verde e branco entre julho de 2004 e outubro de 2005, altura em que, depois de uma época em que perdeu o título na penúltima jornada e a final da Taça UEFA em Alvalade, não aguentou perante um início de temporada muito irregular e com uma surpreendente eliminação europeia logo na primeira eliminatória com o Halmstad.

José Peseiro lutou pelo título até ao fim e perdeu a final da Taça UEFA na primeira passagem por Alvalade (Adrian DENNIS/AFP/Getty Images)

Recorde-se que Frederico Varandas, ao longo da campanha, defendeu sempre a continuidade de Peseiro como treinador do Sporting, apesar dos “avisos” que foi deixando nas entrelinhas e que poderiam indiciar o epílogo hoje consumado caso os resultados e as exibições não sofressem uma melhoria. Antes da receção ao Boavista, que coincidiu com um dos encontros melhor conseguidos pela equipa esta temporada, o técnico já tinha sido assobiado quando foi apresentado na altura das equipas.

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Tiago Fernandes, filho de Manuel Fernandes que subiu este ano do comando dos juniores (onde foi campeão) para a equipa técnica do plantel principal, deverá orientar esta quinta-feira o treino, primeiro de preparação para a deslocação do Sporting aos Açores para defrontar o Santa Clara. Todavia, e segundo informações de fontes próximas do processo, a decisão de avançar para a rescisão com José Peseiro só aconteceu porque Frederico Varandas acredita que encontrará, a muito breve prazo, um sucessor – essa era uma das condições para avançar para este cenário, ter garantida uma alternativa.

Paulo Sousa surge, nesta altura, como a hipótese mais forte para suceder a José Peseiro no Sporting (Matt Roberts/Getty Images)

Paulo Sousa, que saiu no início do mês de outubro da Liga chinesa (orientava o Tianjin Quanjian), é a hipótese mais forte para assumir o cargo. Leonardo Jardim, que rescindiu também recentemente com o Mónaco, e Jorge Jesus, que se encontra agora no Al-Hilal da Arábia Saudita, foram nomes equacionados ainda antes desta saída de José Peseiro mas, por motivos diferentes, um eventual regresso a Alvalade afigura-se quase impossível. Havendo preferência nesta fase por técnicos portugueses, e aproveitando o facto de não ter clube, o antigo médio dos leões (1993/94) encontra-se na frente da corrida, mesmo que não seja a única opção em cima da mesa. Sousa já tinha sido apontado não só ao Sporting mas também ao FC Porto, na altura em que Pinto da Costa procurava a melhor opção para ocupar a vaga de Nuno Espírito Santo. Rui Faria, antigo adjunto de José Mourinho que pretende agora iniciar um novo rumo como técnico principal, é outro nome bem visto em Alvalade.