Os automóveis antigos, especialmente os que possuem valor enquanto clássicos, têm habitualmente problemas ao nível da carroçaria, pois a ferrugem não perdoa, mas sobretudo no que respeita à mecânica, uma vez que recuperar os enormes e cansados V8, bem como as ultrapassadas caixas de velocidade, nem sempre é fácil, sendo garantidamente muito dispendioso. A menos que estejamos perante um Ferrari 275 GTB dos anos 60, que uma vez restaurado pode valer 25 milhões de euros, para os clássicos com mais valor sentimental do que real, trocar a mecânica original por outra eléctrica é uma proposta mais fácil e substancialmente mais em conta.

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Um excelente exemplo chega-nos através deste Mercury coupé de 1949 que, à primeira vista, parece ter a carroçaria bem marcada por 69 anos na estrada. Mas sob as formas ligeiramente enferrujadas, que lhe conferem a “patine” de um veículo antigo, encontra-se um veículo bem recuperado e, sobretudo, com uma “alma” nova.

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A Mercury foi a marca criada pela Ford, em 1939, destinada a completar a gama do já então grupo americano, posicionando-se entre a mais refinada Lincoln e a mais acessível Ford. A terceira geração do Mercury Eight, fabricada entre 1949 e 1951, teve direito a versões coupé e cabrio, além da berlina e station wagon, mas todas montavam um imponente V8 Flathead, ou seja, com as câmaras de combustão esculpidas nos pistões, com 4,2 litros de cilindrada.

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A Icon, com a colaboração do especialista em carros eléctricos Stealth EV, pegou no coupé de 1949, recuperou a carroçaria respeitando as marcas do tempo, reparou chassi, suspensões e sistema de travagem e trocou o V8 e a caixa de velocidades por um motor eléctrico de 400 cv e uma “força” de 637 Nm, o que literalmente faz voar o Mercury. Para alimentar o motor, a Icon adquiriu uma bateria e o sistema de gestão de energia de um Tesla S 85, obviamente com uma capacidade de 85 kWh, o que aparentemente é suficiente para percorrer entre 250 e 360 km, dependendo do ritmo, sendo que o modelo é capaz de atingir 195 km/h.

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Para não beliscar a estética do coupé, a Icon montou a ficha de carga no mesmo local do bocal por onde a gasolina passou durante 69 anos, minimizando as alterações exteriores (e interiores) com a troca da motorização.

Este Mercury , cujo interior foi igualmente recuperado de forma notável, foi apresentado durante o SEMA, em Las Vegas, onde suscitou grande curiosidade.