Arlindo Marques, conhecido como o “guardião do Tejo” pela sua luta em defesa do rio, foi distinguido pela Confederação das Associações de Defesa do Ambiente com o Prémio Nacional do Ambiente, que considerou “um reconhecimento” do seu trabalho.

“Fiquei muito contente é o reconhecimento do trabalho que tenho feito nos últimos três anos” em prol do rio Tejo e que foi “uma luta um bocado difícil”, disse à agência Lusa Consolado Marques, dirigente do Movimento pelo Tejo.

O ambientalista contou que “foram três anos a lutar, três anos a ir ao rio, três anos a ir aos focos de poluição, a mostrar os peixes mortos, as águas escuras, porque o cheiro não se conseguia mostrar, e a espuma que parecia a espuma da morte”.

Nesta luta, Arlindo Marques não esteve sozinho, contou com o apoio de pescadores, moradores, trabalhadores das barragens, profissionais das empresas que o alertavam para situações de poluição que estavam a acontecer, e com quem pretende repartir o prémio.

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“Foi um trabalho conjunto de várias pessoas, eu fui a máquina do comboio”, disse, contando que mal era informado de algo que estava a acontecer no rio se deslocava ao local, fotografava, filmava e partilhava as imagens nas redes sociais, que ajudara a alertar as autoridades para as descargas poluidoras que cobriram as águas do Tejo com espuma tóxica.

Apesar “alguns dissabores”, como um processo que lhe foi instaurado pela empresa de celulose Celtejo, instalada em Vila Velha de Rodão, Arlindo Marques disse que a luta valeu a pena.

“Nada disso me cala, nem me faz voltar para trás e o que me alegra mais, além do prémio, é ver que afinal ao fim deste tempo todo o rio melhorou mais de 85%. Ficou com umas mazelas, com umas nódoas negras, como costumo dizer, mas está muito melhor”, salientou.

Apesar do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, ter anunciado a colocação de guarda-rios no Tejo, Arlindo Marques disse que vai continuar a lutar pela defesa do rio, que considera o seu mundo, o sítio onde se sente bem.

“Ao fim de três anos conseguimos que o Governo tomasse medidas e a situação está muito melhor. Agora precisamos de cerca de uma década para voltar ao mesmo. Já vai havendo algum peixe, mas muitos desapareceram, mas a natureza vai voltar ao normal se não a voltarem a poluir”, disse o ambientalista.

“O prémio [que vai ser atribuído em Lisboa no próximo dia 22] veio dar-me força para continuar, até poder, sempre atento”, disse Arlindo Marques, que é guarda-prisional e vive desde sempre numa freguesia à beira Tejo.