A Índia desistiu de procurar o cadáver do missionário morto na Ilha Sentinela do Norte e não tem qualquer intenção de voltar a incomodar a tribo, um povo indígena extremamente agressivo e sem qualquer contacto com o mundo moderno.

Segundo avança o The Guardian, um antropólogo envolvido nas buscas, e que pediu para não ser identificado, explicou que as autoridades concluíram ser impossível recuperar os restos mortais de John Allen Chau, o missionário norte-americano que se dirigiu à ilha com a intenção de converter os sentineleses ao cristianismo.

“Decidimos não perturbar os sentineleses. Não tentámos contactá-los nos últimos dias e decidimos continuar a não tentar”, explicou o antropólogo, já que quaisquer tentativas para comunicar com a tribo só irão aumentar a possibilidade de choque entre os indígenas e os forasteiros.

“Eles atiram flechas a qualquer invasor, e esta é a mensagem deles a dizer: ‘Não venham à nossa ilha.’ Nós respeitamos isso”, sublinhou.

Uma ilha remota com um povo demasiado perigoso

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A decisão já terá sido comunicada à embaixada norte-americana que, segundo o The Guardian, não contesta a decisão, nem fez qualquer tipo de pressão para que a decisão seja noutro sentido. No entanto, a missão diplomática recusou fazer declarações oficiais sobre o assunto, alegando razões relacionadas com privacidade.

A 15 de novembro, John Allen Chau, um jovem de 27 anos, navegou até à Ilha Sentinela do Norte depois de ter arranjado um barco.“Acho que vale a pena anunciar Jesus a estas pessoas”, escreveu no seu diário.

Um amigo do jovem norte-americano, um engenheiro eletrotécnico indiano, disse às autoridades que o missionário tinha pedido a um grupo de pescadores que o levasse até à ilha. Tanto esse amigo como os sete pescadores que transportaram John Chau foram detidos e enfrentam acusações criminais. Segundo o The Guardian, os sete homens continuam sob investigação.

Os últimos dias de John, o homem que a tribo mais isolada do mundo matou

A ilha está protegida pela lei indiana: ninguém se pode aproximar a menos de cinco milhas, já que a tribo é muito agressiva, não quer receber visitantes e prefere continuar isolada do mundo moderno. Em 2004, depois do tsunami que devastou aquela zona do Pacífico, foram enviados meios aéreos para sobrevoar a ilha. Foram recebidos com lanças de fogo e pedras e o Governo indiano decidiu manter a ilha isolada conforme a vontade dos sentineleses.

Esta não é a primeira vez que um encontro com a tribo acaba em morte. Em 2006, dois pescadores que se deslocaram até à costa foram mortos e os seus corpos empalados em paus de bambu.

[Veja no vídeo quem são os sentineleses, a tribo isolada que John Chau quis conhecer]