Uma dirigente da ONU saudou esta sexta-feira os esforços de Timor-Leste no combate ao tabagismo, defendendo mais medidas contra outros fatores de risco, que continuam a ser responsáveis pela proliferação de doenças não-transmissíveis no país.

“Temos que mudar os hábitos e envolver a comunidade. Temos também que pensar no ambiente em que as pessoas vivem. Podem ser mais ativas, comer de forma mais saudável”, disse à Lusa a vice-diretora geral para Doenças Não-Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (OMS), Svetlana Akselrod.

Akselrod sublinhou que é essencial agir para prevenir estas doenças, combatendo especialmente os fatores de risco. Consumo de tabaco, elevado consumo de álcool, dieta pouco saudável, pouca atividade física estão entre os principais comportamentos de risco responsáveis por algumas das principais doenças no país: problemas cardiovasculares, cancro, doenças pulmonares crónicas e diabetes.

Timor-Leste já introduziu várias medidas preventivas, especialmente no combate ao tabaco. O país tem os maiores avisos do mundo, que cobrem 92,5% dos maços de tabaco com texto e, sobretudo, imagens.

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Mas pode fazer mais, defendeu Akselrod, dando como exemplo mais impostos sobre o tabaco e o álcool como estratégias para reduzir o consumo. “Os dados mais recentes mostram que investir nestas medidas é vantajoso. Investir um dólar agora poderá poupar sete em 2030”, disse.

O novo plano de ação das autoridades timorenses, apresentado agora, segue-se ao que esteve em vigor nos últimos anos e que pretende combater a morbidade evitável, incapacidade e morte prematura devido a doenças não-transmissíveis (DNT).

O representante da OMS para Timor-Leste, Rajesh Pandav, explicou que o plano de ação multissetorial para a prevenção e controlo de doenças não-transmissíveis (2018-2021) é um passo importante para combater doenças não-transmissíveis, incluindo doenças cardiovasculares e doença pulmonar obstrutiva crónica, que “estão entre as dez principais causas de mortalidade” em Timor-Leste.

De acordo com dados citados no documento, as doenças não-transmissíveis são responsáveis por 44% de todas as mortes, um número que pode ser ainda maior, disse Pandav, uma vez que a falta de registos adequados dificulta a análise.

Fatores de risco, como o consumo de álcool e de tabaco, uma dieta pouco saudável e um elevado uso de sal, estão entre as principais causadas das DNT. “Os timorenses estão entre os maiores consumidores de tabaco do mundo, com 70% dos homens e 10% das mulheres a fumar, o que os torna vulneráveis ao cancro e às doenças pulmonares”, referiu.

A obesidade afeta 8% dos homens e 17% das mulheres, enquanto 39% dos adultos timorenses têm pressão arterial elevada e 21% têm níveis altos de colesterol. “A maioria dos casos de diabetes e hipertensão não é detetada e, portanto, não é tratada”, disse Pandav. O Estado timorense gasta quatro milhões de dólares (3,5 milhões de euros) por ano a enviar pacientes para o exterior.