A princesa Latifa Bint Mohammed al-Maktoum está desaparecida desde março. O processo é pouco claro e está envolto em mistério. Filha do emir do Dubai e primeiro-ministro dos Emirados Árabes, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, Latifa tentou escapar do regime controlado pelo pai no início deste ano. O plano para a sua fuga terá sido concebido durante sete anos mas acabou por ser mal-sucedido. As autoridades do Dubai, assim que se aperceberam da tentativa de evasão, entraram em ação e capturaram o iate em que seguia a princesa. Desde então que se desconhece o seu paradeiro. A BBC tem seguido de perto os desenvolvimentos e esta quinta-feira vai emitir um documentário sobre o caso.
Intitulado “Escape from Dubai: The mystery of the missing princess”, o trabalho da estação televisiva britânica conta com entrevistas a figuras que estiveram envolvidas no plano de fuga. Uma ex-espia francesa, uma professora finlandesa de capoeira que deu aulas à princesa ou o ex-oficial da marinha francesa Hervé Jaubert — que conseguiu fugir do Dubai depois de ter sido identificado pelas autoridades — são algumas das vozes que ajudam a construir o relato em torno do desaparecimento de Latifa.
Antes de fugir, a princesa fez um vídeo em que anunciava que pretendia fugir e em que dizia estar pronta para um duro castigo caso a estratégia falhasse. “Se estão a ver este este vídeo é mau sinal. Significa que ou estou morta ou então numa situação muito, muito, muito má“, confessou, como pode ver-se num dos excertos revelados pelo The Guardian.
Esta não foi a primeira vez que Latifa tentou fugir. Quando tinha 16 anos, relata a própria no vídeo, terá tentado escapar, mas o plano saiu furado. Apanhada pelas autoridades do Dubai, diz ter sido espancada e torturada durante três anos. A experiência serviu de aviso: se queria mesmo fugir, devia ser cautelosa no planeamento da fuga.
O exemplo da sua irmã mais velha também permitiu retirar algumas conclusões quanto aos detalhes da estratégia. Shamsa, a primeira filha do pai de Latifa, também já tinha tentado fugir de um regime “opressor” e que trata as mulheres como seres “sub-humanos”, segundo descreve a princesa. A tentativa de fuga aconteceu em 2000, quando Shamsa foi encontrada pelas ruas de Cambridge, tendo sido “raptada” pelas autoridades do Dubai. Desde então, contou Latifa a um inspetor britânico, que tem estado internada numa espécie de prisão hospitalar, sendo constantemente acompanhada e vigiada por médicos.
O emir Mohammed e o governo de Dubai não aceitaram falar à BBC no âmbito do documentário nem responderam ao The Guardian quando foram questionados sobre o caso.