Foi encontrado cabelo de Julen Jimenez, o bebé de dois anos espanhol procurado desde domingo, no poço com 110 metros de comprimento e 25 centímetros de largura onde o rapaz caiu no domingo. A notícia está a ser avançada pela Cadena SER. Segundo Alfonso Rodríguez Gómez de Celis, delegado do governo da Andaluzia, já foram feitas análises de ADN que confirmaram que o cabelo pertence mesmo a Julen [até agora referido como Yulen, mas o nome foi atualizado pela imprensa espanhola].

“Encontrou-se um pouco de cabelo no túnel e as análises que se realizaram por parte da Guardia Civil certificaram que é do menino. Isso dá-nos uma certa certeza de que o menino está ali, neste poço”, disse Gómez de Celis. Até agora, a Guardia Civil ressalvava não ter provas de que Julen Jimenez estava mesmo naquela perfuração em Málaga, mas as análises de ADN dão mais credibilidade às indicações dadas pelos pais sobre onde desapareceu Julen. O cabelo foi encontrado logo no domingo, ao longo do primeiro dia de buscas.

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Especialistas duvidavam do paradeiro de Julen

Isso enfraquece a teoria de que Julen Jimenez não estaria no buraco em Málaga. Um deles era o presidente do Ilustre Colegio Oficial de Geólogos — uma corporação de geólogos e engenheiros em Espanha. Em declarações à Europa Press noticiadas pelo El Español, Manuel Regueiro insistiu que “um menino desta idade não cabe neste poço até ao fim”. Portanto, se as autoridades não o encontraram nos primeiros 70 metros da perfuração, é improvável que esteja mesmo lá, teoriza o especialista.

[Veja no vídeo como são complexas as três vias para resgatar Julen]

Questionado sobre as operações de socorro que estão a acontecer em Málaga desde o início da tarde de domingo, Manuel Regueiro sublinhou a dificuldade desta intervenção. Segundo ele, os espanhóis “não têm experiência” em situações como esta em que “um menino cai num buraco de 70 metros” e “cabe à justa” pelo poço. É por causa disso que o geólogo levanta dúvidas sobre o plano de abrir um túnel perpendicular à perfuração onde Julen deve estar: “A que profundidade se vai fazer o túnel se não sabemos onde está a criança?”, questiona.

O presidente da associação diz que a construção desse segundo buraco “pode ​​ser feito em Espanha” porque o país tem “meios muito bons para fazer túneis”, embora custe “uma fortuna”. Mas não é a melhor estratégia, critica. Para Manuel Regueiro, devia extrair-se pedras do interior do poço com um aspirador grande e com o diâmetro exato da perfuração. A ideia já foi testada pelas autoridades, garantiu aos jornalistas a subdelegada do governo de Málaga, mas não trouxe frutos: as autoridades só conseguiram retirar 30 centímetros à massa de terra compactada encontrada a 73 metros de profundidade.

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Manuel Regueiro não foi o primeiro a assumir ter dúvidas sobre se Julen Jimenez está mesmo dentro do buraco na cidade de Totalán, em Málaga (Espanha). Francisco Barranquero, dono da Perfoban, una empresa de perfurações sediada em Málaga, disse esta terça-feira ao El Español que “é muito complicado que o miúdo esteja ali”. “Quase impossível”, acrescenta: “Ou isso ou as investigações não estão a ser bem feitas”.

“O buraco não tem uma direção vertical. Em cem metros pode haver um desvio de até dois ou três metros para as laterais. Além disso, a largura apenas tem o tamanho de um palmo. Nesse espaço cheguei a recuperar martelos. É possível que um bebé não fique preso e que tenha chegado ao fundo? Digo-vos eu que isso é muito difícil”, adianta o homem.

Segundo ele, buracos como estes são abertos com uma técnica chamada martelo ao fundo. “Mediante roto-percussão pneumática, um potente martelo vai abrindo a terra. Se encontra um obstáculo pelo caminho, como uma pedra por exemplo, tende a procurar uma zona com terra mais mole. Por isso é que me parece estranho que nos primeiros quase 80 metros não se tenha encontrado já”, justifica.

A própria Guardia Civil admite não ter nenhuma prova de que Julen Jiménez está realmente no poço em Totalán: “Não estamos convencidos de nada. Estamos a tentar saber o que há debaixo do tampão [de terra]”, disse Bernardo Moltó, do Instituto Armado, ao El Español. As autoridades dizem que trabalham “sempre com a ideia de que o Julen está vivo”, mas insistem que “não se sabe onde está o rapaz”: “Não o localizámos”, sublinha Bernardo Moltó.