Por ser uma Final Four realizada de novo no Estádio Municipal de Braga mas desta vez com a presença dos arsenalistas, por ser uma semana marcada pelo 98.º aniversário do clube e por ser um bom momento para a equipa entrar na luta de troféus com os três “grandes”, era percetível que o conjunto minhoto apostava forte na meia-final da Taça da Liga. Foi assim antes, foi assim depois, sempre com uma maior vontade (ou capacidade) de tentar chegar à área contrária sobretudo na segunda parte para evitar que a decisão fosse para as grandes penalidades. Foi mesmo e o Sporting acabou por ser melhor, vencendo por 4-3 após o empate a uma bola no tempo regulamentar. No entanto, Abel Ferreira não aceitou a (in)justiça do desfecho.

Uma noite de arranques em que o carro nunca pegou (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

“Vou falar do positivo que foi aquilo que temos feito sempre, que é jogar para vencer seja contra quem for, seja onde for, usando todas as armas possíveis para derrotar os nossos adversários. Fizemos isso na primeira parte, que foi um jogo mais equilibrado. Entrámos muito bem, fizemos logo o golo, depois tentámos controlar o jogo com um bloco médio para tentar tapar o jogo interior do nosso adversário e fomos conseguindo. O adversário acabou por fazer um golo numa bola parada, num golo bem conseguido porque a estatura do Coates é muito, muito grande e torna-se difícil de combater”, começou por comentar o técnico da formação arsenalistas, antes de enaltecer também a postura dos seus jogadores no sentido de chegar ao 2-1 nos 90 minutos.

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“Na segunda parte entrámos muito fortes e se o objetivo do futebol é o golo, nós fizemos o 2-1, tivemos uma bola na trave e tivemos um segundo tempo muito bom. É verdade que o Sp. Braga tentou, fizemos as substituições no sentido de definir o jogo nos 90 minutos porque sentimos durante a segunda parte que era possível mas vamos ver esta final em casa, de forma muito injusta”, acrescentou, antes de centrar atenções no discurso para a arbitragem e o golo anulado a João Novais.

Mais um jogo de ânimos aVARiados: do golo anulado a João Novais aos penáltis pedidos (e não assinalados)

“Nem sei o que diga… Temos de perceber porque é que o futebol português está mal. Seguramente que eu, treinador, tenho muita coisa a melhorar, acredito que sim. O meu comportamento, se calhar tenho de ter mais calma… Mas quando olho para este microfone tenho aqui preto e amarelo, não tenho azul e cinzento e esse é que é o problema. Disse isso ao árbitro com todo o respeito, com toda a educação, porque lá em baixo estão homens de família, que trabalham todos os dias para dar melhores condições à sua família e se eu não ganhar o jogo vou-me embora, se não ganhar o treinador a mim despede-me, e hoje o que nós assistimos… Não vou dizer o que o meu coração sente, vou usar a sabedoria dos sábios: deixar que as pessoas olhem, que as pessoas analisem, que o futebol português tenha coragem de mudar o que está mal, penalize quem tem de penalizar para ficar melhor”, destacou a propósito desse lance invalidado por falta de Dyego Sousa sobre Acuña.

“É muito triste chegar ao balneário e ver aqueles homens de família, que querem melhores condições e contratos. Há 15 anos falava em questões monetárias… Quando erro, sou despedido; quando se erra a olhar para imagens, em dois dias poder fazer uma reflexão e ver… Também erro mas se é para fazer isto tirem o VAR, deixem os árbitros errar à vontade, deixem-me errar a mim, deixem errar os jogadores. Com o VAR, fica difícil perceber o erro para quem está em casa. Quando num dia vejo uma coisa e no dia a seguir é outra… Mais: não metam linhas na TV, se não há linhas no VAR. Tenho de dar os parabéns ao Sporting porque ganhou aos penáltis mas para as pessoas que mandam no futebol, porque eu não mando absolutamente nada, de uma vez por todas se sentem na mesma mesa, que façam uma reunião de condóminos, que deixem as suas quintinhas de lado e que procurem valorizar o espetáculo e valorizar o espetáculo e os jogadores e consigam credibilizar o futebol”, concluiu.

“Saímos com uma sensação de frustração porque se houve uma equipa que quis ganhar o jogo foi o Sp. Braga. A primeira parte foi mais equilibrada, mas com ascendente nosso; a segunda parte foi completamente nossa. Fizemos mais, criámos mais. Estamos com um sentimento de injustiça e frustração. Golo invalidado? Isso toda a gente viu o que aconteceu. Foi um lance normal em futebol. Isto é futebol, não é basquetebol. Houve um contacto normal no futebol, durante o jogo houve milhares de lances assim e não foram falta. Aquele foi, não sei porquê”, salientou também João Novais, na zona da flash interview.

“Tenho pessoas da família que gastaram 50 euros para vir ver o jogo. Para eles, gostaríamos de ter dado a vitória. Merecemos e fizemos por isso mas infelizmente o golo hoje não contou. Tenho de melhorar mas devemos colocar todos a mão na consciência, árbitros e comunicação social, e ver a imagem que queremos passar. Custa-me ver uma pessoa que trabalhou comigo [Pedro Henriques, ex-árbitro] a influenciar tanta gente. É nos momentos de crise que se abrem as grandes reflexões. Falei com o Keizer e ele disse-me: ‘É este o vosso futebol’. Temos todos de refletir”, acrescentou Abel na conferência de imprensa de forma mais exaltada, com alguns murros na mesa e um pedido: “Ajudem-me todos a credibilizar o futebol”.