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Uma noite de arranques em que o carro nunca pegou (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Sporting e Sp. Braga empataram nos 90 minutos num jogo feito de arranques que perdeu emoção com o passar do tempo. No final, os leões agarraram a final nos penáltis e vão tentar revalidar o título.

Coates marcou o golo que deu o empate ao Sporting ainda antes do intervalo, respondendo ao golo madrugador de Dyego Costa
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Coates marcou o golo que deu o empate ao Sporting ainda antes do intervalo, respondendo ao golo madrugador de Dyego Costa

Miguel Pereira

Coates marcou o golo que deu o empate ao Sporting ainda antes do intervalo, respondendo ao golo madrugador de Dyego Costa

Miguel Pereira

Era mais do que uma meia-final, um jogo a eliminar ou o acesso à final de uma competição. Era um Sp. Braga-Sporting em Braga, numa deslocação que ao longo dos anos se tem revelado das mais difíceis para os leões. Ao contrário do que tinha acontecido esta terça-feira com o Benfica e o FC Porto, uma e outra equipa entraram em campo sabendo de antemão que, em caso de vitória, o adversário na final da Taça da Liga no próximo sábado seria a equipa orientada por Sérgio Conceição. Na antevisão, Abel garantiu estar preparado para dois oponentes possíveis: “uma equipa de bloco médio ou a pressionar alto”, já que Marcel Keizer recuou as linhas dos leões no jogo frente ao FC Porto e voltou a fazê-lo nas duas partidas seguintes, as vitórias com o Feirense e o Moreirense. O holandês, mais do que preparado, explicou que o Sporting “não teme nada”. Discursos destemidos de dois treinadores que raramente deixam algo por dizer e que prometiam um bom espetáculo numa competição que esta temporada ganhou um fôlego extra face à qualidade das quatro equipas presentes na Final Four. 

Sporting vence Sp. Braga no desempate por penáltis e está na final da Taça da Liga com o FC Porto

Ainda assim, este era um jogo para uma das taças – e é preciso recordar que ambas as equipas jogaram para o Campeonato no fim de semana e vão voltar a fazê-lo a meio da próxima semana. Assim sendo, e depois de não fazer quaisquer poupanças no jogo dos quartos de final da Taça de Portugal com o Feirense, Keizer decidiu fazer descansar Bas Dost e lançar Luiz Phellype, que esteve perto de se estrear a marcar pelos leões nesse mesmo encontro contra a equipa de Santa Maria da Feira. O avançado holandês está a passar pela fase menos concretizadora da temporada e depois de ter ficado em branco em Braga (acabou por entrar na segunda parte) atingiu a pior série da carreira, já que não marcou nos últimos seis jogos em que participou (e o último foi de grande penalidade). Para trás, os dez do costume – até na baliza, com Renan e não Salin –, com Raphinha e Nani nas alas, Wendel, Gudelj e Bruno Fernandes no meio-campo e a linha defensiva habitual, pelo menos desde a lesão de Bruno Gaspar, com Ristovski, Coates, Mathieu e Acuña.

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Ficha de jogo

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Sp. Braga-Sporting, 1-1 (3-4, g.p.)

Meias-finais da Taça da Liga

Estádio Municipal de Braga

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

Sp. Braga: Marafona; Marcelo Goiano, Raul Silva, Bruno Viana, Sequeira (Murilo, 71′); Ricardo Esgaio, Claudemir, João Novais (Ricardo Horta, 84′), Ricardo Ryller; Wilson Eduardo (Paulinho, 63′) e Dyego Sousa

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Pablo, Trincão e Eduardo

Treinador: Abel Ferreira

Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski, Coates, Mathieu (André Pinto, 45′), Acuña (Jefferson, 81′); Gudelj, Wendel, Bruno Fernandes; Raphinha, Nani e Luiz Phellype (Bas Dost, 69′)

Suplentes não utilizados: Salin, Petrovic, Francisco Geraldes, Diaby

Treinador: Marcel Keizer

Golos: Dyego Sousa (3′), Coates (37′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Raul Silva (48′), Ricardo Esgaio (51′), Gudelj (60′) e Marcelo Goiano (60′)

Do outro lado, Abel Ferreira começava o jogo com Ricardo Horta e Paulinho no banco de suplentes mas não abdicava de Dyego Sousa e Wilson Eduardo no onze inicial – a quem esta quarta-feira se juntou Ricardo Ryller, que tem saltado como suplente utilizado nos últimos jogos dos bracarenses e agradado em quase tudo ao treinador, sendo premiado com a titularidade frente ao Sporting. Em outubro, numa altura em que o Sp. Braga até estava na liderança do Campeonato, Abel disse que só iria ver o Benfica-FC Porto “se a mulher o deixasse”. Ora, esta semana, a mulher do treinador dos arsenalistas permitiu que este assistisse à outra meia-final da Taça da Liga, com toda a certeza, já que Abel tirou a papel químico o arranque eletrizante que encarnados e dragões protagonizaram. A entrada em campo do Sp. Braga, cheia de intenção, velocidade e critério, apanhou de surpresa um Sporting que parecia ter a cabeça ainda no túnel de acesso ao relvado. Novais, Wilson e Dyego Sousa, tridente bem oleado, fizeram o que quiseram das linhas mais recuadas dos leões nos primeiros instantes e o golo surgiu antes de o relógio chegar aos cinco minutos, fruto de uma transição rápida e de um entendimento que deixou Abel extasiado junto ao banco de suplentes.

Ricardo Esgaio conduziu a bola pelo corredor central, enquanto a defesa do Sporting ainda tentava posicionar-se e eliminar linhas de passe, abriu em João Novais na esquerda e o médio cruzou de forma quase perfeita para o coração da área, onde Dyego Sousa surgiu mais rápido e mais perspicaz no meio dos centrais para bater Renan e inaugurar o marcador. Aos três minutos, o Sp. Braga estava a vencer o Sporting, Dyego Sousa tinha igualado o também bracarense Paulinho no topo da lista dos melhores marcadores da Taça da Liga, tinha marcado o golo mais rápido que os leões e sofreram esta temporada e tinha ainda apontado o 17.º golo da época – neste que é já, de longe, o ano mais concretizador do avançado brasileiro (o melhor registo tinha ficado pelos 12 golos, em 2015/16 e 2017/18). Nem três minutos tinham passado e o Sp. Braga continuava a aproveitar um Sporting descompensado, desconcentrado e desposicionado, sem conseguir assentar qualquer tipo de ideia de jogo e a perder a maioria das bolas que colocava no corredor central para tentar dar início ao processo de construção. Num lance de insistência depois de um livre batido a descair na esquerda, Wilson Eduardo surgiu totalmente sozinho e isolado na cara de Renan e só não fez o segundo porque atacou mal a bola e acabou por perder para o guarda-redes brasileiro.

A entrar a perder e sem conseguir reagir de forma palpável, o Sporting precisava de mudar alguma coisa. A partir do quarto de hora e aproveitando uma desaceleração dos bracarenses, os leões começaram a estender o jogo pelos corredores, assente na velocidade de Nani e Raphinha e no apoio de Wendel e Bruno Fernandes. A primeira ocasião de perigo junto da baliza de Marafona surgiu aos 19 minutos por intermédio de Raphinha, o mais inconformado da equipa de Marcel Keizer durante o primeiro tempo, que trouxe a bola da ala para o meio e rematou juntinho ao poste para uma boa defesa do guarda-redes adversário. O duelo voltou a sorrir a Marafona cerca de dez minutos depois, quando o extremo brasileiro se precipitou e tentou um chapéu numa altura em que estava totalmente isolado dentro da grande área. O Sporting versão Keizer 2.0 – sem o futebol vertiginoso e a filosofia atacante que encantou nos primeiros jogos mas revelou debilidades defensivas com o passar do tempo – ia tentando assentar no meio-campo defensivo bracarense e criar jogadas de envolvimento, com muitos passes e com vista à profundidade, já que o homem que costuma responder às bolas pelo ar estava sentado no banco.

Mas a ironia faz parte do jogo – ou o jogo é condição sine qua non da ironia. Bas Dost, nome maior dos golos de cabeça e do jogo aéreo do Sporting, não estava a jogar. Quando se olhava para a área de Marafona e sempre que Acuña, Ristovski, Nani ou Raphinha soltavam um cruzamento, percebia-se que, pelo menos de cabeça, Luiz Phellype não é Dost. Mas o “Dost suplente”, aquele que em situações de aperto vira avançado e sobe às alturas para resolver problemas que não têm outra solução que não recorrer a opções desesperadas, estava dentro de campo. Sebastián Coates, o central que já marcou mais golos decisivos do que muitos avançados que passaram por Alvalade, subiu à área contrária para responder a um canto batido do lado esquerdo e fez o empate para o Sporting. Com uma capacidade de impulsão impressionante e sem grande oposição, o uruguaio bateu Marafona e repôs a igualdade no marcador pouco antes dos 40 minutos, levando tudo empatado para o balneário.

Mas Abel Ferreira já tinha mostrado que era bom a repetir arranques. No primeiro lance da segunda parte – já depois de Marcel Keizer tirar Mathieu para colocar André Pinto –, o Sp. Braga voltou a abanar as redes de Renan. Depois de um lançamento de linha lateral na direita, Dyego Sousa lançou Wilson Eduardo em profundidade pelo corredor; o agora internacional angolano cruzou para o primeiro poste, onde surgiu João Novais, que mesmo acompanhado por Ristovski conseguiu tocar de forma indefensável para Renan. Quando Keizer já recolhia ao banco técnico para agarrar no já famoso bloco de notas e Abel festejava o segundo golo de forma efusiva, Manuel Oliveira recebeu indicação do VAR para ir analisar o lance. O árbitro da partida acabou por considerar que a jogada foi precedida de falta de Dyego Sousa sobre Acuña e anulou o golo de Novais, colocando tudo novamente empatado. Abel levou as mãos à cara, Keizer regressou à linha técnica.

Os dois treinadores terão aproveitado o intervalo para rever as movimentações táticas do adversário e recordar e aprimorar as decisões defensivas, já que Sporting e Sp. Braga – à exceção do primeiro lance, do golo anulado – voltaram para o segundo tempo com uma pressão mais intensa e eficaz que os anulou mutuamente, tornando os segundos 45 minutos mais cautelosos e divididos no meio-campo, sem desmarcações ou transições de maior e com poucas oportunidades: apesar do ascendente do Sp. Braga. Além de um livre de Sequeira que quase enganou Renan (67′), pouco mais houve que não um cabeceamento de Raul Silva à trave, com o guarda-redes brasileiro totalmente batido, depois de um canto na esquerda.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sp. Braga-Sporting em vídeo]

Abel lançou Paulinho, Ricardo Horta e Murilo (este de forma forçada, por lesão de Sequeira), Keizer tirou Luiz Phellype para colocar Dost e teve de fazer Jefferson saltar do banco para render um desgastado Acuña. As substituições, contudo, pouco ou nada alteraram e o jogo permaneceu morno e muito disputado no centro do terreno, com as duas equipas a esbarrarem na primeira linha de pressão adversária. A menos de cinco minutos dos 90 e com o fantasma penáltis a começar a pairar, Manuel Oliveira fez os corações acelerarem quando consultou o VAR em relação a um lance em que Sebastián Coates ficou a pedir grande penalidade: o árbitro considerou que não existiu falta, mandou jogar e provocou um momento caricato junto aos bancos de suplentes, já que Keizer e Abel se encontraram a meio do caminho para trocar algumas palavras de forma amigável. No final dos noventa e seis minutos, Sporting e Sp. Braga não foram além do 1-1 e a decisão foi parar às grandes penalidades.

A história jogava a favor do Sporting: no único desempate por grandes penalidades entre as duas equipas, na final da Taça de Portugal de 2015, os leões levaram a melhor. Na conversão, Dost falhou, Ricardo Horta falhou, Coates falhou e Paulinho voltou a falhar. Bruno Fernandes, com uma paradinha, bateu Marafona com muita classe e viu depois Renan defender o penálti de Murilo. O guarda-redes do Sp. Braga respondeu e parou o penálti de Nani e Marcelo Goiano bateu Renan, deixando tudo empatado outra vez. Raphinha marcou, Dyego Sousa também e a decisão foi novamente adiada para o segundo grupo de grandes penalidades. O ex-guarda-redes do Estoril escolheu a noite desta quarta-feira para ser o herói dos leões e defendeu o penálti de Ricardo Ryller, atirando o Sporting para a final da Taça da Liga.

Tal como tinha acontecido na época passada, o Sporting chegou à final da Taça da Liga através da decisão por grandes penalidades e vai encontrar o FC Porto no derradeiro jogo, numa reedição do clássico de há dois fins de semana. O Sp. Braga entrou a ganhar mas perdeu ritmo e não fez o suficiente na segunda parte para chegar novamente à vantagem: depois de arrancar bem na primeira parte e arrancar bem na segunda, a equipa de Abel falhou o arranque nas grandes penalidades e não conseguiu recuperar. Os leões versão Keizer 2.0 somaram a terceira vitória consecutiva e chegaram à primeira final da temporada, onde vão tentar revalidar o título conquistado na temporada passada.

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