O romance galardoado com o Prémio Leya de 2018, Torto Arado, do brasileiro Itamar Vieira, vai chegar às livrarias portuguesa no próximo mês de fevereiro. O vencedor foi conhecido em outubro de 2018. Nessa data, os membros do júri elogiaram a “solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade rural patriarcal”.
Descrito como uma obra polifónica, bela e comovente pela editora Dom Quixote, que pertence ao grupo Leya, que atribui anualmente o galardão, Torto Arado conta a história de Bibiana e Belonísia, filhas de trabalhadores de uma fazenda no sertão da Bahia, “descendentes de escravos para quem a abolição nunca passou de uma data marcada no calendário”.
“Intrigadas com uma mala misteriosa sob a cama da avó, pagam o atrevimento de lhe pôr a mão com um acidente que mudará para sempre as suas vidas, tornando-se tão dependentes que uma será até a voz da outra. Porém, com o avançar dos anos, a proximidade vai desfazer-se com a perspetiva que cada uma tem sobre o que as rodeia: enquanto Belonísia parece satisfeita com o trabalho na fazenda e os encantos do pai, Zeca Chapéu Grande, entre velas, incensos e ladainhas, Bibiana percebe desde cedo a injustiça da servidão que há três décadas é imposta à família e decide lutar pelo direito à terra e pela emancipação dos trabalhadores. Para isso, porém, é obrigada a partir, separando-se da irmã”, refere a sinopse disponibilizada ao Observador pela Dom Quixote.
Itamar Vieira Junior é pouco conhecido do grande público. Nascido em Salvador da Bahia em 1979, é doutorado em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia. É escritor, colunista da São Paulo Review e geógrafo. Torto Arado é o primeiro romance do escritor, que se tem dedicado sobretudo ao conto. Foi nessa categoria que foi finalista do Prémio Jabuti, o mais importante prémio literário brasileiro, no ano passado.
Em 2107, o galardão foi atribuído a João Pinto Coelho, pelo romance Os loucos da rua Mazur, publicado no ano passado. O escritor português já tinha sido finalista do mesmo galardão em 2014, com Perguntem a Sarah Gross.