Não foi a primeira pedra, mas quase. Nuno Melo arregaçou as mangas, subiu ao escadote e, em plena Avenida da República, em Lisboa, ajudou a afixar o primeiro cartaz da campanha do CDS para as europeias. As eleições são dia 26 de maio, mas o CDS quer estar “um passo à frente” para conseguir que Nuno Melo (que atualmente é o único eurodeputado do CDS) leve finalmente “companhia” para Bruxelas. Se o CDS quer mais um ou mais dois eurodeputados, não especificou, mas, já se sabe, no CDS de Assunção Cristas a “ambição é máxima”. O lema já está definido: “A Europa é aqui”. O adversário, também: o PS de António Costa.
“Nós temos a ambição máxima e trabalhamos sempre para ter o máximo. O CDS tem atualmente um único eurodeputado, mas convém que Nuno Melo leve companhia”, disse Assunção Cristas esta segunda-feira depois de o cartaz ter sido afixado, naquele que foi entendido como um tiro de partida simbólico para o arranque da campanha eleitoral. O slogan é “A Europa é aqui” para que os portugueses percebam que “a Europa não é uma realidade longínqua, é uma realidade que tem a ver com o nosso dia a dia e que tem impacto direto na nossa vida”, explicou.
Nuno Melo, que estava acompanhado de Pedro Mota Soares, Raquel Vaz Pinto e Vasco Weinberg, os nomes que se seguem na lista, explicaria o slogan do CDS contrapondo-o ao lema de António Costa. “António Costa diz que o PS é o melhor partido a representar a Europa em Portugal, mas o que nós queremos ser é os melhores a representar Portugal na Europa”, disse. “Não queremos ser aqui a voz de Jean-Claude Juncker ou Donald Tusk, queremos é ser os representantes dos interesses portugueses lá”, acrescentou.
Questionado sobre se o adversário do CDS é o PS de António Costa, ou o PSD de Rui Rio, Nuno Melo preferiu dizer que o aliado do CDS são os portugueses, mas apressou-se a definir o adversário ideológico do CDS: aqueles que defendem uma Europa federalista. Ou seja, PS e PSD. “A nossa vocação é a defesa das nossas propostas doutrinárias e aí o contraste é óbvio: há os federalistas e os que não são federalistas. Nós somos europeístas convictos, mas não somos federalistas, achamos que Bruxelas deve estar apenas onde Portugal não faz melhor”, disse, dando o exemplo dos impostos europeus, onde o CDS acusa o governo português de estar a defender o fim da regra da unanimidade nas decisões fiscais à revelia do Parlamento nacional.
Certo é que, apesar de Nuno Melo ter focado as divergências em António Costa, também o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel, que deverá voltar a ser o nome escolhido por Rui Rio para encabeçar a lista do PSD ao Parlamento Europeu, é um federalista assumido. Ora, é nesse eixo que vai assentar precisamente a campanha do CDS: Europa sim, mas não tanto como querem PS e PSD. “Nós não prescindimos da unanimidade, não queremos andar a reboque de decisões tomadas apenas por 16 estados-membros”, disse, acusando Costa de ser o representante dessa “Europa federalista, de vassalagem”, e assumindo o CDS como o representante da “Europa não federalista”.
Assunção Cristas diria mais: com a saída do Reino Unido da UE, o CDS quer que Portugal agarre o espaço vazio e se assuma como o “protagonista da agenda do mar”.Assunção Cristas quer que Nuno Melo leve “companhia” para Estrasburgo e Bruxelas, mas a questão sobre quem vai ser o número dois da lista ainda está dependente da aprovação, ou não, das alterações à lei da paridade, que o PS queria ver aprovadas ainda este ano. Tal significaria que não podiam ir dois homens nos dois primeiros lugares da lista. Mas entre os centristas reina a crença de que, mesmo que a Assembleia aprove a norma, o Presidente da República não irá promulgar alterações que mexem com questões eleitorais em ano de eleições.
Companhia, contudo, foi o que não faltou. Num cruzamento entre o Campo Pequeno e a Avenida da República, a comitiva do CDS instalou-se em peso: desde deputados, como Cecília Meireles ou Vânia Dias da Silva, a dirigentes, como Adolfo Mesquita Nunes, passando por vários membros da Juventude Popular, a mancha humana era significativa para ver Nuno Melo lançar a primeira pedra. Está oficialmente lançada a pré-campanha do CDS para as europeias, que vai culminar este domingo com a realização da Convenção Europeia, em Lisboa.