Cerca de 800 mil pessoas estão a precisar de assistência alimentar de emergência em Moçambique, mais 500 mil do que as apoiadas há um ano, de acordo com dados esta quarta-feira divulgados pelo Programa Alimentar Mundial (PAM).
O PAM estima que um total de 815.000 pessoas estejam com necessidade de assistência alimentar de emergência durante a atual estação de escassez, o que pode levar a aumentos na desnutrição aguda se não forem adequadamente tratados”, anunciou a agência das Nações Unidas, em comunicado
As regiões mais afetadas estão no centro e sul do país devido à seca e infestações naquela que se classifica como “estação de escassez” agrícola, em que é cíclico o aumento da insegurança alimentar, entre novembro e as colheitas seguintes, que decorrem de abril a junho.
Há um ano, cerca de 320.000 pessoas tinham beneficiado dos programas de apoio alimentar e resiliência, sem sinalização de outros casos urgentes, mas com antevisão de condições adversas à agricultura — praticada em forma de subsistência pela maioria da população moçambicana.
Para fazer face à situação atual, o Reino Unido está a apoiar com 7,5 milhões de libras (cerca de 8,5 milhões euros) 120.000 pessoas nos distritos mais afetados pela seca na província de Tete.
Os beneficiários vão receber “transferências monetárias”, em forma de senhas ou dinheiro no telemóvel, que lhes permite comprar alimentos nos mercados locais, refere o PAM em comunicado. A ação apoia a população carenciada e os retalhistas locais e é desenvolvida “em estreita colaboração com as comunidades locais, autoridades e parceiros setoriais, incluindo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e o Instituto Nacional de Ação Social (INAS)”.
A parceria com o Reino Unido inclui ainda tratamentos para 11.000 crianças menores de cinco anos e 5.000 mulheres grávidas e lactantes que sofrem de desnutrição aguda moderada, em vários distritos das províncias de Cabo Delgado, Manica, Tete e Zambézia.
“O PAM está muito grato pela contribuição do Reino Unido, permitindo-nos estabelecer uma resposta oportuna, agora, em pleno andamento no pico da época de escassez”, disse Karin Manente, diretora nacional do programa em Moçambique.
“Uma liderança mais forte e um apoio coordenado são essenciais para agir rapidamente e responder às necessidades”, acrescentou Cate Turton, chefe da cooperação britânica em Moçambique, citada no mesmo comunicado.