São 700 páginas às quais se somam 365 documentos e que viram as atenções para a atuação do Banco de Portugal aquando da resolução do BES. A contestação do ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, já foi entregue no Tribunal do Comércio, onde se encontra o processo de falência do BES (o chamado BES mau que recebeu todos os ativos tóxicos do Banco Espírito Santo, quando foi criado o Novo Banco), avança esta segunda-feira o Correio da Manhã. E é a mais extensa quando comparada às defesa dos restantes 12 ex-administradores do banco que já tinham sido entregues.

Segundo o Correio da Manhã, o ex-presidente do BES foi o último a apresentar a contestação à falência culposa do BES e foca-se, sobretudo, na intervenção do Banco de Portugal (BdP) no BES no início de agosto de 2014. A defesa de Salgado quer mesmo que o processo de falência seja suspenso até o juiz ter informações dos tribunais administrativos de todos os processos contra o BdP a propósito da resolução no BES. Salgado quer que o magistrado peça também ao próprio supervisor seu o relatório sobre a atuação do BdP na aplicação da medida de resolução ao BES.

BES entrou em processo de liquidação com buraco de 5.600 milhões que ainda vai subir

Na contestação entregue no Tribunal do Comércio, Salgado recusa responsabilidades nos créditos que o BES concedeu às empresas do Grupo Espírito Santo (GES), contrariando as conslusões da comissão liquidatária do BES que o considera responsável por um prejuízo total causado ao BES de 5,92 mil milhões de euros. Por isso a comissão liquidatária ter considerado culposa a insolvência do BES. Comissão esta que concluiu que 11 empresas do Grupo Espírito Santo ficaram a dever mais de 787 milhões de euros ao BES.

Ricardo Salgado tem mantido sempre esta linha de defesa relativamente ao colapso do BES. Numa entrevista que deu ao Dinheiro Vivo, em julho de 2017, Salgado atirou as culpas para o Banco de Portugal e para o governo liderado por Passos Coelho. “Sei que hoje, passados três anos (da resolução do BES), já não sou o único a pensar assim”, disse, acusando o supervisor presidido por Carlos Costa de ter provocado o colapso do BES, ao impor a constituição de “dois mil milhões de euros provisões ilegais”, e os lesados do BES, a quem assegura, sempre tencionou pagar, não fosse a resolução que acabou com o banco.

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