O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe afirmou esta terça-feira, em Luanda, que estão abertas as portas para uma “nova era” na cooperação com Angola, assumindo a eleição do vizinho lusófono como “parceiro estratégico”.

Numa conferência de imprensa que marcou o final da visita de trabalho de três dias a Angola, Jorge Bom Jesus, que regressa quarta-feira ao fim da manhã a São Tomé e Príncipe, salientou que o país quer apostar na experiência das autoridades angolanas, sobretudo nos setores do petróleo, turismo, obras públicas, pescas e segurança.

Elegemos Angola como parceiro estratégico para traçar um novo quadro para que possamos, no futuro, desenvolver a economia dos dois países numa base de reciprocidade, em que a cooperação económica é fundamental”, sublinhou.

Destacando que São Tomé e Príncipe “acarinha” os interesses de Angola no país, Jorge Bom Jesus assumiu que terá de operar uma reforma na área da Justiça, sobretudo no que diz respeito à alteração de legislação para criar um ambiente mais favorável à atração do investimento.

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“Conhecemos a situação e esta reforma tem de ser concretizada, uma vez que, sem ela, dificilmente haverá investidores privados no país”, defendeu, prometendo que, a esse nível, e a outros, que não especificou, “muito vai mudar nos próximos tempos”.

Sobre a recetividade de Angola à vontade são-tomense, Jorge Bom Jesus lembrou o relacionamento “histórico” entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) e o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP, que regressou no final de 2018 ao poder) para sublinhar que o futuro das relações está “assegurado”.

O chefe do executivo são-tomense realçou que as relações entre Luanda e São Tomé conheceram “um abrandamento” nos últimos anos, salientando que, com a chegada à chefia do Governo, há dois meses e meio, a afinidade com o MPLA irá voltar.

Escusando-se a comentar questões como as trocas comerciais e a dívida de São Tomé e Príncipe a Angola, Jorge Bom Jesus salientou a necessidade de intensificar as relações económicas, sobretudo nos domínios do petróleo e do turismo, bem como na construção e/ou remodelação de infraestruturas importantes para o país, como o porto e o aeroporto de São Tomé.

Em relação à questão da segurança, Jorge Bom Jesus reivindicou para São Tomé e Príncipe o estatuto de “chave de entrada” no Golfo da Guiné, pela sua localização geográfica, como porta de entrada para a sub-região num espaço de “grande importância” para as relações político-diplomáticas, militares, paz, defesa, segurança e económicas.

“Não queremos continuar a nutrir com Angola esta relação no sentido único de quem vai pedir. São Tomé e Príncipe tem que olhar para si, para as suas potencialidades e está em condições de poder dar e tem muito para dar”, disse Jorge Bom Jesus.

Sobre o setor das pescas, o primeiro-ministro são-tomense lembrou que a Zona Económica Exclusiva (ZEE) do país é 160 vezes maior do que a parte terrestre, pelo que há vontade dos dois países em explorar o mar neste domínio.

Na sua primeira deslocação ao estrangeiro, Jorge Bom Jesus, que dedica a tarde de hoje e a manhã de quarta-feira para encontros com a comunidade são-tomense em Luanda e com empresários dos dois países, fez-se acompanhar pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Elsa Pinto, e do Planeamento, Finanças e Economia Azul, Osvaldo Abreu.