A pedido dos Estados Unidos o Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se de emergência esta terça-feira para discutir a crescente instabilidade na Venezuela, apesar de o governo norte-americano ter vindo a admitir a intervenção militar no país.

“Esperamos uma transição pacífica para a democracia na Venezuela, mas, como o Presidente Donald Trump deixou claro, todas as opções estão em cima da mesa”, reforçou o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, durante a reunião do Grupo de Lima dedicada à crise venezuelana, a 25 de fevereiro de 2019. A declaração é um reforço da proposta dos EUA para uma intervenção militar norte-americana na Venezuela que afaste o Presidente de facto, Nicolás Maduro, do poder e apoie a ascensão do Presidente interino, Juan Guaidó. Donald Trump, avança o The Guardian, já terá indicado ser a favor da imposição da democracia na Venezuela através da invasão do país.

Mas os poderes regionais têm recusado direta e indiretamente uma resposta militar à crise política, social e económica da Venezuela, mesmo após os confrontos violentos do fim de semana de 23 de fevereiro, que impediram a entrada de ajuda humanitária no país.Nesta terça-feira, de acordo com a agência noticiosa estatal russa, RossiyaSegodnya, a Rússia deverá apresentar uma proposta de apoio ao regime de Nicolás Maduro, pedindo o fim da interferência externa na Venezuela, enquanto que os EUA planearão pedir o apoio formal da ONU para a organização de eleições democráticas no país.

Grupo de Lima defende transição na Venezuela “pacífica e apoiada na Constituição”

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O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, garantiu à Reuters que não há “hipótese alguma” de os Estados Unidos da América colocarem tropas na Venezuela através do Brasil. O Brasil deverá manter a “linha de não-intervenção” militar na Venezuela e espera que a pressão diplomática e económica ajude a resolver a crise naquele país. “Sem aventuras”, como declarou Hamilton Mourão na reunião do Grupo de Lima. Também os presidentes da Colómbia, do Chile e do Peru, de acordo com fontes do The Guardian, terão recusado qualquer intervenção militar. O Grupo de Lima pediu formalmente a organização de eleições antecipadas.
Em Portugal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu uma “solução pacífica” baseada em “eleições livres”, sem intervenções de “natureza militar”, em declarações à Agência Lusa. “Somos defensores de um processo duradouro, mas pacífico”, acrescentou.

Portugal e Peru concordam que a crise na Venezuela deve ser resolvida de forma pacífica

Os países europeus, unidos no reconhecimento de Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, têm oferecido resistência ao uso da força para garantir o afastamento de Nicolás Maduro do poder. Numa declaração oficial, a responsável pela política externa da União Europeia, Frederica Mogherini, sublinhou que “as origens da crise são políticas, devendo as soluções ser políticas”. “Reiteramos firmemente a nossa rejeição e condenação da violência e de qualquer iniciativa que possa desestabilizar mais a região”, concluiu. À agência EFE, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, respondeu quase diretamente às afirmações de Mike Pence, garantindo que o país condenava qualquer entrada de soldados na Venezuela: “Nem todas as opções estão em cima da mesa”.