Como é habitual, coube aos reis de Espanha inaugurar mais uma edição da ARCO, a conhecida feira de arte de Madrid, que volta a abrir portas na capital espanhola e a receber visitantes até domingo. E nem o look sofisticado e rockeiro de Letizia conseguiu abafar toda a polémica em torno da obra de Santiago Sierra e Eugenio Merino, artistas familiarizados com a controvérsia em edições anteriores do certame.

Desta vez, e dadas as dimensões em causa, é mesmo impossível fazer de conta que ninguém vê o boneco gigante que ocupa uma das salas. Trata-se de uma imagem do rei Felipe VI, com 4, 45 metros, e o mais peculiar é que o futuro comprador da obra, uma espécie de gigantone com laivos carnavalescos, deverá comprometer-se a queimar a mesma depois da sua aquisição.

Os reis de Espanha com o presidente peruano Martin Alberto Vizcarra, em visita oficial no país vizinho. (Photo by © Carlos Alvarez/Getty Images)

O casal real fez-se acompanhar pelo presidente do Peru, país convidado e que apresenta 23 artistas e 15 expositores na ARCO, e a avaliar por fontes do evento, citadas pela revista Hola, Felipe e Letizia dispensaram a passagem pela obra em questão, algo que segundo essa mesma fonte “não estava incluído no programa”.

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Quanto a “El ninot” (ou o boneco), a escultura hiperrealista é feita à base de poliuretano, não esquece o fato escuro e a gravata verde e tem um preço de 200 mil euros. O pormenor mais curioso é que a galerista responsável, a italiana Ida Pisani, diz que perfuma o boneco regularmente, com a colónia preferida do soberano. O seu desejo, garante a galeria à agência Efe, é que a depois da venda, que poderá acontecer já esta quinta-feira, o comprador queime “a estrutura da cabeça”, “fora de Espanha”, num “lugar privado e de forma legal”.

De lembrar que a polémica está longe de ser uma novidade no contexto da ARCO. No ano passado, Helga de Alvear acabaria por ver retirada da galeria a série fotográfica “Presos políticos na Espanha contemporânea”. Em 2012, o mesmo Merino da dupla em questão deu que falar pela obra que punha o antigo ditador Francisco Franco dentro de um congelador, com o nome “Always Franco”. Já em 2016, havia uma “Copo de agua meio cheio” à venda por…20 mil euros.

Desta vez, e até ver, tudo se mantém dentro da normalidade. Pelo menos, da normalidade possível. Quanto à presença portuguesa, pode segui-la aqui.