O narcotraficante português Franclim Pereira Lobo foi detido em Málaga, Espanha, no âmbito de um mandado de detenção europeu, confirmou à agência Lusa fonte da direção da Polícia Judiciária (PJ).
Segundo a mesma fonte, o mandado de detenção tinha sido emitido no âmbito da chamada Operação Aquiles, que envolve crimes de tráfico de droga, associação criminosa e corrupção passiva e ativa. A Operação Aquiles tem 27 arguidos, entre os quais dois inspetores da PJ, uma vez que os juízes decidiram separar os processos de Franclim Pereira Lobo e da arguida Ana Luísa Caeiro.
Segundo a acusação, entre outubro de 2006 e janeiro de 2007, elementos da Unidade de Prevenção e Apoio Tecnológico da Polícia Judiciária (UPAT/PJ) transmitiram à sua hierarquia informações resultantes de vigilâncias e recolha de informações que “evidenciavam fortes suspeitas de ligações ao mundo do crime” do ex-coordenador da PJ Carlos Dias Santos.
Estas suspeitas apontavam para ligações do ex-coordenador da PJ com o arguido Jorge Manero de Lemos e a atividade de tráfico de droga desenvolvida por este último.
O Ministério Público entende que os inspetores da PJ Carlos Dias Santos e Ricardo Macedo, além de darem informações às organizações criminosas que protegiam, através dos contactos com os pretensos informadores, por vezes recebiam informações das mesmas organizações sobre o tráfico desenvolvido por organizações “concorrentes”.
Franklim Pereira Lobo. Maior traficante de droga português foi detido em Espanha
Franclim Pereira Lobo tornou-se famoso depois de ter enganado a Polícia Judiciária, fugindo de um quarto de hotel onde estava a 16 de outubro de 1999. As autoridades julgavam que estava a ajudar a polícia a encontrar os traficantes de duas toneladas de cocaína. Em 2000 foi condenado à revelia a 25 anos de prisão, mas só em abril de 2004 é que foi encontrado em Espanha, onde levava uma vida de luxo e mantinha negócios no ramo imobiliário. Ainda assim, não ficaria atrás das grades: foi libertado graças a um pedido de habeas corpus e estabeleceu-se no Brasil.
Em 2005, Franclim Pereira Lobo ainda voltou a ser preso. Saiu e voltou aos tribunais em 2007 porque um erro processual obrigou à repetição do julgamento. Sete anos depois de ter sido condenado à pena máxima, acabou absolvido pelo mesmo tribunal, a 1ª Vara Criminal da Boa Hora, dos crimes de associação criminosa e tráfico agravado. Em maio de 2008 foi novamente absolvido na Boa-Hora, num processo de branqueamento de capitais.
Como recorda o Expresso, Franclim acabaria por ser preso de novo em 2009, por suspeita de tráfico de estupefacientes e associação criminosa. No bolso tinha uma folha com matrículas dos carros da Polícia Judiciária destacados para as investigações de tráfico de droga. Cumprida a pena, foi libertado.
Agora era procurado novamente, no âmbito da Operação Aquiles — a mesma que resultou na detenção de Carlos Dias Santos e Ricardo Macedo, ex-coordenadores da PJ. A ideia seria detê-lo na mesma altura, mas Franclim Pereira Lobo, que estaria a viver em Espanha, adiantou-se e fugiu para Marrocos, tendo estado em parte incerta até agora. Quase três anos depois, o maior traficante de droga português voltou à prisão.