Choque gástrico. Esta foi a causa de morte de uma jovem baleia encontrada nas Filipinas com 40 kg de plástico no estômago. As imagens foram divulgadas na página de Facebook do D’ Bone Collector Museum Inc., um pequeno museu fundado nas Filipinas por Darrell D. Blatchley, colecionador de ossos, com o objetivo de educar e alertar para as questões ambientais. E foi o próprio norte-americano, juntamente com outros voluntários e biólogos marinhos, que fizeram a autópsia do animal.
“É nojento”, lê-se na publicação do Facebook, que mostra diversas imagens da autópsia, nas quais se veem diversos sacos de plástico a ser retirados do interior da baleia-bicuda-de-cuvier. Segundo Darrell D. Blatchley, os 40 quilos de plástico incluem mais do que os simples sacos de plástico que se usam nos supermercados: “Há 16 sacas de arroz e 4 sacos grandes, idênticos aos que se usam nas plantações de bananas.”
Nos próximos dias, o museu irá divulgar a lista de todos os objetos de plástico que foram retirados do jovem macho durante a autópsia. Para já, o acontecimento bateu um recorde infeliz: “Esta baleia tinha a maior quantidade de plástico que alguma vez tínhamos visto numa baleia. É nojento. Os governos têm de tomar ações contra quem continua a tratar os oceanos como lixeiras“, lê-se na publicação partilhada nas redes sociais.
Em novembro, na Indonésia, uma baleia morta foi encontrada ao largo de Wakatobi, sudeste da Indonésia, com 115 copos, 4 garrafas, 25 sacos, um par de chinelos e muitos outros pedaços de plástico no estômago, contabilizando um total de 6 quilos de plástico. “Apesar de não termos conseguido determinar a causa da morte, os factos que conhecemos já são horríveis o suficiente”, afirmou então Dwi Suprapti, bióloga marinha do World Wildlife Fund (WWF), à CNN.
Baleia encontrada morta tinha 115 copos de plástico no estômago
Nos últimos 40 anos, a quantidade de plástico nos oceanos aumentou 100 vezes, segundo um alerta da associação espanhola Ambiente Europeu, o que afeta mais de 600 espécies de fauna marinha, das baleias às tartarugas.
Já um estudo australiano concluiu que em 2050, 99% das aves marinhas vão ter resíduos de plástico no aparelho digestivo. Os investigadores do Australia’s Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation concluíram que hoje já cerca de 90% das aves contêm este tipo de resíduos nas entranhas.
E nem os humanos se livram de ter vestígios de microplásticos no seu corpo. Em outubro de 2018, foram encontrados até nove tipos de plástico diferentes nas fezes de cada pessoa que fez parte de um estudo piloto a nível europeu, apresentado em Viena, na Semana da UEG – Comunidade Europeia de Gastroenterologia. Os investigadores encontraram, em média, 20 partículas de microplástico em cada 10 gramas de fezes.
Já neste mês de março, a IV Assembleia da ONU para o Ambiente chegou a um acordo geral, que ainda terá de ser ratificado, para acabar com a contaminação dos mares com plásticos e microplásticos, que deverá entrar em vigor em 2030.
Cimeira ambiental da ONU chega a acordo para acabar com plásticos nos mares