O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, é o mais recente governante com ligações familiares no Governo. Ana Catarina Gamboa, mulher do ministro, foi oficialmente nomeada na passada sexta-feira chefe do gabinete de Duarte Cordeiro, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
Pelo facto de o caso ter sido noticiado nos meios de comunicação social, Pedro Nuno Santos decidiu esclarecer o assunto através de uma publicação no Facebook este domingo.
O ministro começou por escrever que “o povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias”. Pedro Nuno Santos justificou assim que é obrigação dos políticos “não apenas garantir que essa situação não tem lugar, mas também responder, com verdade, às dúvidas e perplexidades que possam surgir”.
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O ministro escreveu ainda que Catarina Gamboa “não merece ser menorizada no seu percurso profissional” apenas por ser sua mulher. “A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é também a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança”, declarou.
Segundo adiantou fonte oficial do gabinete de Duarte Cordeiro ao ECO na sexta-feira, Ana Catarina Gamboa — que já trabalhava com Duarte Cordeiro na Câmara Municipal de Lisboa desde que este assumiu a pasta de vereador — foi nomeada para aquele cargo pelas suas qualificações.
No mesmo post no Facebook, Pedro Nuno Santos explica a história do casal, que se conheceu “há cerca de dezasseis anos” e as ligações de ambos a Duarte Cordeiro, “companheiro de muitas lutas políticas”. Sobre o facto de Catarina Gamboa ter sido na altura convidada para trabalhar no gabinete do então vereador Duarte Cordeiro na autarquia, o governante explicou: “Eu não tive qualquer influência na sua decisão; eu e a Catarina não estávamos sequer juntos nessa altura. Foram as suas competências e a relação de confiança entre ela e o Duarte que o levaram a essa escolha”.
Pedro Nuno Santos atirou ainda à comunicação social, que noticiou o caso associando Ana Catarina Gamboa a mulher do governante. “A realidade é sempre mais longa e complexa do que as notícias e os títulos dos jornais. Mais complexa, mas também mais simples”, explicando que relações pessoais em contexto de trabalho acontecem “com políticos” e “em muitas outras profissões”.
Ainda assim, o ministro das Infraestruturas e da Habitação disse compreender o “grau de escrutínio público” a que está sujeito e concluiu: “É por compreender essa necessidade de transparência que também gostaria que compreendessem que não posso abdicar da defesa de um princípio que considero muito importante: o de que ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido, da mulher, da mãe ou do pai.”
No atual Governo são vários os casos de governantes que têm relações de parentesco entre si. Um dos exemplos é o caso do atual ministro do Trabalho, Vieira da Silva, que é casado com a deputada socialista Sónia Fertuzinhos, e pai da recém-eleita ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva.
Outro caso é o dos ministros Eduardo Cabrita (ministro da Administração Interna) e Ana Paula Vitorino (ministra do Mar), que são marido e mulher.