Mais calor e menos chuva a um ritmo crescente. A temperatura média em Portugal aumentou 0,2ºC por década desde 1950 e desde esse ano chove menos 40 milímetros por década no nosso país. Quem o diz é um estudo realizado pelo Jornal de Notícias em parceria com o IPMA, Instituto Português do Mar e da Atmosfera. A análise baseou-se nos registos das estações de Lisboa, Bragança, Coimbra, Santarém e Beja no período entre 1950 e 2018.

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Segundo a informação publicada, foi em Coimbra, no centro do país, que as temperaturas mais aumentaram desde 1950: até 2018, os termómetros registaram, em média, uma subida de 0,32 graus por década naquela cidade. Na mesma cidade e no mesmo período foi registado um aumento médio da temperatura máxima de 0,38ºC por década desde a segunda metade do século XX. Em Lisboa e Bragança, a temperatura média subiu 0,21 graus Celsius enquanto que em Beja houve um aumento de 0,22 graus por década desde 1950. Santarém foi a estação que registou menor aumento: desde 1950 que a temperatura média subiu 0,19ºC por década.

Olhando para estes dados, Vanda Pires, climatologista do IPMA relacionou os aumentos com o aquecimento global: “O aumento é, de facto, linear e não aleatório, prova que está a registar-se esse aumento nestes últimos anos.”

Mas não é só sobre as temperaturas que soa o alarme: ao aumento médio das temperaturas regista-se a diminuição de precipitação mais acentuada na Península Ibérica desde 1950. Segundo Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e especialista internacional em alterações climáticas, “a precipitação em Portugal está a diminuir ao ritmo de 40 milímetros por década”, acrescentando que há “que adaptar a gestão dos recursos hídricos em Portugal a estas tendências”. Algo que não está a acontecer.

Segundo o especialista, uma solução para ultrapassar possíveis secas severas do futuro pode passar pela utilização de águas residuais em regadio, técnica que não está a ser usada em Portugal: “Israel sofre das mesmas alterações climáticas, mas 86% da água que usam para regadio vem do tratamento de águas residuais urbanas das cidades. Em Espanha usam 17%. Portugal nem aparece nas estatísticas internacionais, não tem expressão”.

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