A chefe da divisão de Prevenção de Branqueamento de Capitais do Banco Nacional de Angola (BNA) assumiu esta quinta-feira que algumas instituições bancárias angolanas ainda apresentam “insuficiências” na prevenção de branqueamento de capitais, nomeadamente a “inexistência da declaração de origem e destino de fundos” e “matriz de risco não implementada”.
Ainda prevalecem insuficiências no sistema de prevenção de branqueamento de capitais das instituições financeiras bancárias. Notamos que as instituições não têm mecanismos suficientes para avaliar e monitorar o risco do cliente”, disse hoje a chefe da divisão de Prevenção de Branqueamento de Capitais do BNA, Delmise Florentino.
A responsável falava esta quinta-feira, em Luanda, durante a conferência sobre “Compliance: Custo ou Oportunidade”, tendo acrescentado que existem ainda “muitas instituições” que realizam transações “sem a validação e conhecimento da área da ‘compliance‘”.
Em relação à inexistência de declaração de origem e destino de fundos, referiu que algumas instituições bancárias angolanas “ainda não fazem o uso desse mecanismo” e, as que fazem, apresentam “falta de documentos comprovativos da operação realizada”.
Algumas instituições ainda não têm aplicativos informáticos implementados, outras têm o aplicativo, mas não geram os alertas necessários para fazer uma diligência eficaz e para também classificar o risco mediante o perfil transacional”, salientou.
Delmise Florentino, que na conferência falou sobre a “Atuação da Supervisão às Instituições Financeiras Bancárias no âmbito da Prevenção de Branqueamento de Capitais”, sublinhou que existem ainda no sistema bancário angolano “diligências inadequadas”.
Ou seja, explicou, “há muitas situações em que instituições que têm na sua base de dados clientes de serviços ‘Private Banking’, organizações não-governamentais e outros clientes de risco, mas não fazem a adequada diligência”. “A nosso ver, é uma deficiência, porque a esses clientes deve ser feita uma diligência reforçada”, observou.
A chefe da divisão de Prevenção de Branqueamento de Capitais do BNA considerou também que as deficiências que ainda persistem nas instituições financeiras bancárias “estão interligadas com os desafios que a área de compliance tem enfrentado”.
Para a responsável, a “falta de autonomia” na gestão do processo de prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento ao terrorismo, a “escassez” de recursos técnicos, materiais e humanos e “fraco nível” de conhecimento técnico” são alguns dos desafios.
“Ética e Compliance”, “Boas Práticas e Normas de Funcionamento no Ambiente Empresarial” oram os temas que dominaram as discussões na conferência promovida pela Associação das Empresas Contratadas da Indústria Petrolífera Angolana (AECIPA) e a consultora PwC Angola.
Uma mesa redonda sobre a “Prevenção do Branqueamento de Capitais” que contou com a participação de especialistas em compliance das instituições financeiras bancárias angolanas foi igualmente realizada no decurso desta conferência.