O governo angolano enviou esta segunda-feira o quarto voo com cerca de 52 toneladas de medicamentos e material gastável, para a cidade da Beira, em Moçambique, para acudir as populações afetadas pelo ciclone Idai, que causou pelo menos 447 mortos.

Segundo a ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, que falava, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, em Luanda, a ação enquadra-se na “missão humanitária e de solidariedade” de Angola, naquele país desde 22 de março, para “atenuar a situação crítica”.

Porque de facto o cenário que encontramos é bastante crítico, tivemos ocasião de sobrevoar a cidade da Beira, um cenário de grande destruição e ainda continuava a haver pessoas penduradas nas árvores, por cima de residências”, disse.

Para a cidade da Beira, devem chegar igualmente esta segunda-feira, referiu a governante, dois helicópteros, para apoiar a operação de resgate de pessoas em zonas de difícil acesso, e mais dois helicópteros com uma tripulação de especialistas treinados em resgate.

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A população afetada pelo ciclone Idai em Moçambique subiu para 794 mil anunciaram esta segunda-feira as autoridades, que contabilizam 447 mortos.

Idai. Número de pessoas afetadas em Moçambique cresce 50% e passa para 794 mil pessoas

Em relação a domingo, o resumo de informação distribuída pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) acrescenta uma vítima mortal aos dados divulgados e aumenta em 50% o número de pessoas atingidas.

Esta população afetada não significa que esteja “em risco de vida”.

“São pessoas que perderam as casas” ou que estão “em zonas isoladas e que precisam de assistência”, explicou no domingo o ministro da Terra e Ambiente, Celso Correia.

Angola tem desde sexta-feira, na cidade da Beira, uma “missão humanitária e de solidariedade” composta por cerca de 100 pessoas, entre técnicos do Ministério da Saúde e da Defesa, com tropas especiais, que se juntaram às equipas locais de salvamento.

Esta segunda-feira, Sílvia Lutucuta deu conta que das 100 pessoas que embarcaram na sexta-feira, estão em Moçambique de forma permanente 68 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, de saúde pública treinados para as grandes epidemias e outros especialistas.

A governante recordou que o primeiro apoio de Angola foi de cerca de 26 toneladas, com diversos meios, nomeadamente medicamentos, materiais gastáveis e outros meios para a subsistência das equipas.

A ministra explicou ainda que a “missão humanitária e de solidariedade” de Angola tem previsão de estadia e apoio de 30 dias em Moçambique, prevendo alargar ou encurtar esse período “até que as condições mínimas e básicas estejam asseguradas”.

A Organização Mundial de Saúde anunciou que está a preparar-se para enfrentar prováveis surtos de cólera e outras doenças infecciosas, bem como de sarampo, em extensas zonas do sudeste de África afetadas pelo ciclone Idai, em particular em Moçambique.

O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.

A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março.

Governo guineense apoia Moçambique com 88 mil euros

Também esta segunda-feira, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, anunciou um apoio de 100 mil dólares (cerca de 88 mil euros) a Moçambique.

“entimo-nos próximos de Moçambique, são nossos irmãos e estamos ligados pela história e estamos felizes por exprimir a nossa solidariedade com os nossos irmãos, tendo em conta a situação difícil que estão a atravessar”, disse à Lusa Aristides Gomes.

O primeiro-ministro guineense já tinha anunciado que a Guiné-Bissau iria assumir todas as despesas de estadia da seleção de futebol de Moçambique, que jogou no sábado em Bissau a última jornada do grupo K de apuramento para a fase final da Taça das Nações Africanas, como forma de manifestar a solidariedade dos guineenses.

“Tivemos de fazer este gesto sobretudo devido às dificuldades que os nossos irmãos de Moçambique estão a atravessar”, salientou, depois de receber um grupo de jovens guineenses que participou nas jornadas mundiais da juventude, no Panamá.

Equipas da Cruz Vermelha e União Europeia reforçam resposta de emergência em Moçambique

Equipas da Cruz Vermelha Internacional e da União Europeia reforçam a partir desta segunda-feira no terreno, em Moçambique, o apoio médico e a resposta de emergência às populações afetadas pelo ciclone Idai, segundo as duas organizações.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês) anunciou a chegada de uma Unidade de Resposta de Emergência que irá disponibilizar cuidados médicos a 20 mil pessoas diariamente. Uma nova equipa de emergência, que irá fornecer água potável diariamente a 15 mil pessoas, deverá chegar ao país nos próximos dias.

“Depois de um desastre desta magnitude, a velocidade, qualidade e dimensão da resposta é crítica para impedir a propagação de doenças”, disse o secretário-geral da IFRC, Elhadj As Sy, durante um encontro com a imprensa realizada hoje nas Nações Unidas, em Genebra.

Elhadj As Sy assinalou que, à medida que as águas começam a baixar, “milhares de pessoas continuam sem acesso a água, abrigo ou cuidados de saúde”. “Conseguimos ver agora mais claramente as reais consequências deste desastre”, acrescentou.

O responsável adiantou que estão também a caminho de Moçambique dois hospitais de campanha com capacidade para fornecer serviços médicos, incluindo cirurgias de emergência, a pelo menos 30 mil pessoas.

Ainda esta segunda-feira sairá de Genebra um avião com uma equipa de logística de emergência para assegurar que os donativos em bens são recebidos, encaminhados na alfandega e transportados para o destino pelos voluntários da organização.

A IFRC elevou, entretanto, de 10 milhões (8,9 milhões de euros) para 35 milhões de francos suíços (cerca de 31 milhões de euros), o pedido de ajuda de emergência. De acordo com a organização, estes fundos irão permitir apoiar a Cruz Vermelha de Moçambique no fornecimento de ajuda de emergência a 200 mil pessoas nos próximos 24 meses.

Também no terreno está, a partir de hoje, a Missão de Assistência da União Europeia, depois de na passada sexta-feira ter sido acionado o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (EUCPM) a pedido de Moçambique. Segundo fonte da UE em Moçambique, a missão deverá permanecer no terreno durante três semanas.

A equipa de assistência da UE é composta por 10 membros da Proteção Civil da UE (EUCPT), dois agentes de ligação do Centro de Coordenação de Resposta a Emergências (ERCC) da Comissão Europeia e um especialista em barragens.

Ao abrigo do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia vários estados-membros enviaram meios para Moçambique, nomeadamente Portugal, Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo, Itália, Espanha, Reino Unido e França. Equipamentos de purificação de água, de comunicações, equipas médicas, equipas e equipamentos de resgate e salvamento e apoios em dinheiro foram algumas das contribuições destes estados-membros, num total de 60 mil itens de socorro e sete equipas de especialistas com equipamentos.