O vídeo foi publicado esta segunda-feira e tornou-se viral nas redes sociais. Durante uma visita ao santuário de Loreto, o Papa Francisco surge a cumprimentar uma longa fila de pessoas, mas com um pormenor que lançou a polémica: sempre que um fiel tentava beijar o anel que o líder da Igreja Católica utiliza na mão direita, este afastava-a de imediato. E a situação aconteceu várias vezes.

Este anel, chamado “anel do pescador” é uma joia que todos os líderes da Igreja usam depois de tomarem posse, simbolizando o “casamento” com a diocese. Cada anel é destruído depois de o Papa que o utilizou morrer, sendo o seguinte feito com os restos do anel usado anteriormente, como um símbolo de continuidade. Depois de o vídeo ser publicado nas redes sociais, surgiram várias críticas dos dois lados da Igreja Católica.

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O LifeSiteNews, um site católico conservador, escreveu um artigo a criticar a atitude do Papa, afirmando que se tratou de um episódio “perturbador”. O lado mais conservador da Igreja considera que o facto de Francisco rejeitar o beijo no anel significa desconforto e desrespeito pelos valores mais tradicionais. Já Rorate Caeli, um site de tradicionalistas católicos, escreveu no Twitter: “Francisco, se não quer ser o vigário de Cristo, então sai daí!”

No entanto, há quem saia em defesa de Francisco e explique que o facto de ele rejeitar um gesto destes é o reflexo de uma atitude de respeito. “Ele está a garantir que os fieis interagem com ele e não o tratam como uma relíquia sagrada. Ele é o vigário de Cristo, não o imperador romano”, referiu Austen Ivereigh, autor da biografia do chefe da Igreja Católica, acrescentando ainda que Francisco vê na atitude de beijar o anel um gesto de submissão, algo que não considera correto, uma vez que a joia deve ser um símbolo de serviço a Deus e não de autoridade.

Também Alessandro Gisotti, porta-voz do Vaticano, justificou a atitude de Francisco: “A questão é que o anel do pescador é um símbolo do poder. É por isso que o Papa não gosta desse gesto de reverência e submissão. Vai contra a mensagem que ele quer transmitir”, referiu, citado pelo El Confidencial, acrescentando que o este gesto de retirar a mão tem sido feito com regularidade pelo Papa.

No entanto, esta será uma atitude mais recente, uma vez que o Papa já aceitou beijos no anel, como foi o caso de Marcelo Rebelo de Sousa, em 2016. “Às vezes ele gosta [que lhe beijem a mão], outras vezes não. É tão simples quanto isso”,  referiu um assessor do Papa Francisco à agência Reuters.

Há também quem defenda a ideia de que, na visita ao santuário de Loreto, tudo se tratou de uma questão prática, uma vez que estavam demasiadas pessoas e, para acelerar o processo, Francisco afastava a mão das pessoas que o tentavam beijar.