O Governo português está a avaliar a retirada da Síria de três mulheres portuguesas e 20 crianças nacionais ou lusodescentes, detidas em três campos de detenção naquele país, criados para as famílias de jihadistas. São familiares de ex-combatentes do Daesh, que foram presos ou morreram em combate.
A notícia é avançada, este sábado, pelo semanário Expresso, que cita familiares das mulheres e crianças em causa. Delfina Lopes, mãe de Vânia Cherif, de 25 anos, diz que tem estado em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, para que o repatriamento possa ser feito: “Estive esta semana no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e fiquei muito contente, mesmo muito contente. Agora sei que o Governo português está a trabalhar, a fazer tudo por tudo”, assegurou ao jornal.
A filha, Vânia, natural de Carrazeda de Ansiães, juntou-se ao autoproclamado Estado Islâmico em 2015, casando com um franco-tunisino que morreu em combate. Agora está detida, há mais de um ano, num campo de detenção onde estão mais de duas mil mulheres e crianças de 40 países.
Da parte do MNE, são poucas as informações sobre o que está, de facto, a ser feito e que possibilidades estão a ser avaliadas.
O MNE confirma a existência de contactos com familiares das pessoas em causa, e o trabalho que realiza no sentido de procurar compatibilizar os dois objetivos que desde sempre presidiram ao nosso trabalho: a defesa da segurança nacional e a proteção de concidadãos em situação vulnerável”, disse o gabinete do ministro Augusto Santos Silva ao Expresso.
Outros dados não podem ser revelados por agora, segundo o MNE, “sob pena de pôr em questão as ações em curso”.
O processo em curso contará sempre com o acompanhamento do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP). E as secretas estarão, mais que disponíveis e de acordo, agradadas com a ideia do repatriamento daquelas famílias. Num seminário, há cerca de três semanas, a secretária-geral do SIRP admitiu que “não será uma tarefa fácil”, mas que “estas crianças merecem ser objeto de um apoio especial em termos de reintegração”. “E nada melhor do que voltar à escola, de poder brincar com outros colegas ou simplesmente de voltar a sorrir”, acrescentou.
O regresso, a acontecer, deverá ser coordenado com as organizações humanitárias internacionais, que trabalham naqueles campos de detenção, como a Cruz Vermelha, por exemplo. Mas, para isso, é preciso primeiro o aval do Governo. Quanto aos pais das crianças e maridos das mulheres a repatriar, cinco terão morrido em combate, três estão em parte incerta.
Mulheres que casaram com jihadistas portugueses perdem cidadania britânica
No início do mês, foi notícia a decisão do Reino Unido de retirar a cidadania britânica a duas mulheres que casaram com jihadistas portugueses. Também elas estão detidas na Síria, depois de os maridos terem morrido. E em fevereiro, uma outra jovem britânica, Shamina Begum, que em 2015 tinha fugido para a Síria para casar com um combatente do Daesh, deu à luz um filho do terrorista e pediu ao Reino Unido que a aceitasse de volta. O país também recusou, retirando-lhe igualmente a nacionalidade. O bebé recém-nascido acabou por morrer no centro de detenção.
Iraque. Com o mosteiro prestes a ser atacado pelo Estado Islâmico, estes monges decidiram não fugir