As autoridades de Madrid estão a investigar os cursos, disponibilizados pela diocese de Alcalá, para “curar” a homossexualidade. A investigação levada a cabo pelo eldiario.es mostrou como tudo se processa, desde a “ajuda e orientação” oferecidas até à psicóloga que leciona as aulas, não é reconhecida pelo Colégio Oficial de Psicólogos espanhóis e recomenda que os alunos “deixem de ver pornografia”.

(Vídeo da chamada telefónica entre um jornalista do eldiario.es e a alegada psicóloga, responsável pela terapia na diocese)

A terapia é realizada dentro da diocese de Alcalá, um município na capital espanhola. Os documentos enviados ao jornalista responsável pela investigação, e que antecedem a sessão de terapia, dão a entender que a homossexualidade se deve à falta de cultivo da masculinidade, provocada por uma má relação com os pais ou abusos sexuais. “Em todo o processo de maturação pessoal aconteceram relações, atos, ausências, sofrimentos, traumas… Que produziram feridas no nosso ser. Haverá complexos, carências e experiências que fazem com que procures e te compares a outros rapazes”, disse a psicóloga ao jornalista.

Sobre a polémica, a diocese diz que “não renuncia a acolher e acompanhar as pessoas que a solicita livremente” e entende que tudo se trata de difamação da imprensa, como se pode ler no comunicado. O bispo responsável por esta diocese, Juan Antonio Reig Pla, é já conhecido pelas ataques homossexuais e a mulheres. O bispo já vinculou a homossexualidade à prostituição, desejando que “encontrassem o inferno” e até escreveu uma carta aberta no site da diocese em que dá a entender que os homossexuais são mais “vulneráveis” a tornarem-se pedófilos.

A lei da Comunidade de Madrid prevê “a promoção e realização de terapias deconversão ou reconversão com a finalidade de modificar a orientação sexual ou identidade de género de uma pessoa” como uma infração muito grave. As infrações muito graves podem resultar em multas entre os 20 mil e os 45 mil euros e “a proibição de aceder a qualquer tipo de ajuda pública da Comunidade de Madrid por um período de até três anos”.

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