Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting Clube de Portugal, vai a 14 de maio ser ouvido em tribunal, para a fase de instrução do processo relativo ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete. O antigo dirigente leonino é acusado de ser o autor moral das agressões ao plantel principal e à equipa técnica do Sporting em maio de 2018.

O processo pertence ao Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro, mas, por razões de logística e de instalações, a instrução, fase facultativa em que um juiz de instrução criminal decide se o processo segue e em que moldes para julgamento, vai decorrer na nova sala do Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.

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O início da fase instrutória está previsto para 13 de maio, sessão na qual alguns dos outros arguidos vão prestar declarações, e acontece depois de um primeiro adiamento devido a dois pedidos de afastamento do juiz de instrução criminal Carlos Delca, apresentados pela defesa de dois dos arguidos, mas que foram indeferidos pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

A fase de instrução foi requerida por mais de uma dezena dos 44 arguidos no processo, entre os quais o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto. Bruno de Carvalho vai ser ouvido a partir das 14:00 de 14 de maio, na véspera de completar um ano após o ataque à academia do Sporting, em Alcochete, distrito de Setúbal, que ocorreu a 15 de maio de 2018.

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro declarou a especial complexidade do processo da invasão à Academia do Sporting, pedida pelo Ministério Público, o que, consequentemente, dilatou o prazo de prisão preventiva dos arguidos que se encontram presos. Esta decisão teve como consequência direta o alargamento do prazo (até 21 de setembro deste ano) para que o Tribunal do Barreiro profira a decisão instrutória (se o processo segue para julgamento), sem que 23 dos arguidos sejam colocados em liberdade.

“Precipitação” do MP esvazia indícios contra Bruno de Carvalho

Os primeiros 23 detidos pela invasão à academia e consequentes agressões a técnicos, futebolistas e outros elementos da equipa ‘leonina’, ocorrida em 15 de maio do ano passado, ficaram todos sujeitos à medida de coação de prisão preventiva em 21 de maio.

Bruno de Carvalho responde como autor moral do ataque

Em 15 de novembro, exatamente seis meses após o ataque à academia, a procuradora Cândida Vilar (que será a procuradora do Ministério Público na fase de instrução), do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, deduziu acusação contra 44 arguidos, incluindo o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e “Mustafá”, líder da claque Juventude Leonina.

O que diz a acusação: Bruno de Carvalho “determinou as agressões” à equipa

Dos 44 arguidos do processo, 38 mantêm-se sujeitos à medida de coação mais gravosa: a prisão preventiva. Os restantes seis arguidos estão em liberdade, incluindo Bruno de Carvalho e o líder da claque ‘Juve Leo’, que estão ambos obrigados a apresentações diárias às autoridades. O antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto está entre os arguidos presos preventivamente, sendo acusado da autoria moral do ataque, tal como Bruno de Carvalho e “Mustafá”.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque, o MP imputa a coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao público.

Bruno de Carvalho, “Mustafá” e Bruno Jacinto estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. O líder da claque Juventude Leonina está também acusado de um crime de tráfico de droga.

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Direção de Bruno de Carvalho foi destituída pelos sócios

Bruno de Carvalho foi expulso como sócio do Sporting a 1 de março de 2019, por tentativa de bloqueio de contas e de usurpação de funções; a ação de obstaculizar a Assembleia e a violação do suspensão preventiva; a perturbação grave da Assembleia Geral de 23 de junho; e as publicações nas redes sociais, feitas não só com o intuito de perturbar o funcionamento da Assembleia Geral mas também de ofender outros sócios e membros legítimos dos órgãos sociais.

Antes fora destituído numa Assembleia Geral Extraordinária, em junho de 2018. 14 mil sócios participaram na votação na Altice Arena que decidiu a queda da Direção de Bruno de Carvalho. Frederico Varandas seria eleito presidente do Sporting em setembro do mesmo ano.