A taxa de desemprego em Angola cresceu 8,8% nos últimos dois anos, atingindo 28,8% da população ativa, indica um estudo do mais recente Inquérito sobre Despesas, Receitas e Emprego em Angola (IDREA), do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
Segundo o relatório, divulgado na página do INE, o desemprego atinge 3.675.819 das 14.735.487 pessoas em idade ativa, das quais apenas 9.073.321 trabalham, com o estudo a incidir sobre o período de maio de 2018 a janeiro deste ano, dados comparados com os resultados divulgados referentes aos anos 2015 e 2016.
Segundo o estudo, o país, cuja última estimativa aponta para cerca de 28 milhões de habitantes, tem uma população economicamente ativa, que integra empregados e desempregados com 15 ou mais anos de idade, estimada em 12.749.140 de pessoas, sendo 6.104.537 homens e 6.644.603 mulheres.
A diretora adjunta do INE, Ana Paula Machado, uma das coordenadoras do relatório, refere que a taxa de emprego na área rural é de 75,7% e na área urbana de 53,5%, apresentando uma diferença de 22,2 pontos percentuais. Os setores da Agricultura, Pecuária, Caça, Florestas e Pescas são os que maior número de pessoas empregam, 4.148.682, o que representa cerca de 46%, seguido dos setores dos serviços com 43,3%, e Indústria, Construção, Energia e Água, com 8,1%.
Os dados do IDREA indicam, ainda, que cerca de 42 em cada 100 pessoas empregadas trabalham por conta própria e cerca de 19 em cada 100 no setor privado. A percentagem de pessoas economicamente ativas em atividades informais é de 72,6%, apresentando o valor mais elevado entre as pessoas com idades entre 25 e 64 anos.
Ana Paula Machado lembra que a taxa de desemprego é o indicador do mercado de trabalho mais usado para a tomada de decisão e referência para os programas de desenvolvimento. Atualmente, sublinha, cerca de 37% dos jovens angolanos com idade compreendida entre 15 e 24 anos estão inseridos no mercado de trabalho. Um quarto dos jovens com idade entre os 15 e 17 anos compromete a sua formação escolar básica, “estando precocemente inseridos no mercado de trabalho”.
Os conceitos utilizados no estudo, refere o INE, resultam das recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que permitem quantificar os indicadores de emprego de forma harmonizada. Segundo esses conceitos, a população de um país, no período em referência, pode ser dividida em três condições distintas perante o trabalho, população empregada, desempregada e inativa.
Por seu lado, o Governo angolano, através do diretor nacional para Economia, Competitividade e Inovação, Marcelo Pinto, já reconheceu que os dados apresentados pelo IDREA são assinaláveis, “mas não tão altos como parecem” e garantiu que o executivo tem vários programas que promovem a empregabilidade para melhorar o quadro em menos de dois anos.
Marcelino Pinto assinalou que o emprego e o desemprego têm uma relação com o desempenho da actividade económica e os efeitos prolongados da crise tiveram impacto nos dados recolhidos até 2018, mas existem vários instrumentos, com destaque para o Programa de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022, “que trazem respostas claras para estes números”.
“Gostaria de destacar programas como incubadoras de empresas e reconversão da economia informal, que têm medidas claras para repescar todos os que ainda se encontram na informalidade, como as empregadas domésticas, vendedores ambulantes e a própria Operação Resgate, que já começou em algumas províncias e cujos resultados ainda não foram refletidos nesta avaliação”, disse.