O Galaxy Fold, primeiro smartphone com ecrã dobrável da Samsung, pode marcar o início de uma nova fase do mercado do telemóveis. Mesmo tendo um preço de cerca de dois mil euros — é direcionado a um público que quer dispositivos ultra premium –, a expectativa em torno do produto é grande. Contudo, depois de as pré-análises de jornalistas norte-americanos terem revelado que a resistência dos visores tinha problemas, o The Wall Street Journal avançou primeiramente que a empresa sul-coreana vai adiar o lançamento que estava programado para 26 de abril nos Estados Unidos da América. O atraso será “pelo menos até ao próximo mês”. Em comunicado enviado às redações, a Samsung afirma que decidiu “adiar o lançamento do Galaxy Fold” e “nas próximas semanas” revela nova data de lançamento.

Anunciámos recentemente uma nova categoria de dispositivos móveis e estamos muito entusiasmados com toda a expectativa em torno do Galaxy Fold: um smartphone que utiliza diversas novas tecnologias e materiais para criar um ecrã que é suficientemente flexível para dobrar. Enquanto muitos reviewers partilharam connosco o enorme potencial que vêem neste equipamento, outros mostraram que algumas melhorias podem ser implementadas para assegurar uma melhor experiência de utilização.

Para avaliar estas reações e com objetivo de realizar mais testes ao equipamento, decidimos adiar o lançamento do Galaxy Fold. Nas próximas semanas iremos revelar a nova data de lançamento”, disse a Samsung.

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A Samsung evita, assim, lançar um produto com possíveis defeitos por “uma primeira análise às questões reportados sobre o ecrã revelou que estas podem estar relacionadas com as áreas expostas da dobradiça”. Além disso, a empresa promete que vai “tomar medidas no sentido de reforçar a proteção do ecrã” e vai “melhorar as recomendações sobre o cuidado e a utilização do ecrã, incluindo da camada protetora”.

Depois de a concorrente Royole ter posto à venda o primeiro smartphone com ecrã flexível, a marca sul-coreana apressou-se a divulgar que também estava a trabalhar na tecnologia e que “brevemente” ia ter um produto no mercado. Apesar de ter perdido a corrida com a Royole, a Samsung — que é a maior fabricante de smartphones do mundo — tinha como data de lançamento do Galaxy Fold esta semana, o que, a acontecer, faria com que se antecipasse a marcas concorrentes diretas como a Huawei, que também já apresentou um smartphone dobrável, ou a TCL, que desenvolveu uma tecnologia semelhante para a Blackberry e Alcatel.

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Desde que divulgou em São Francisco, em fevereiro o smartphone com ecrã dobrável, a empresa manteve bastante secretismo quanto ao dispositivo. Na sala de exposição deste evento, que também serviu para mostrar a nova gama S10, ninguém pôde experimentar o aparelho. Uma semana depois, mesmo com a Huawei a anunciar o concorrente deste dispositivo e a deixar vários jornalistas dobrarem e desdobrarem o Mate X, a Samsung teve o Galaxy Fold em exposição, mas numa caixa de vidro que não se podia tocar.

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A Samsung pode ter revelado, em fevereiro, o Galaxy Fold, mas apenas na semana passada é que a marca sul-coreana disponibilizou a alguns jornalistas norte-americanos algumas unidades do Fold, para que o analisassem antes do lançamento oficial, prática corrente na imprensa tecnológica. Foi nesta altura que começaram a surgir no Twitter as primeiras queixas quanto à resistência do dispositivo de cerca de dois mil euros.

Mais do que um jornalista removeu do ecrã uma película protetora do ecrã que não devia ser retirada, mas, como era parecida com as proteções de plástico tradicional anti-riscos, induziu alguns analistas em erro, o que levou a danos no ecrã. Além disso, como foi o caso do The Verge, houve quem se queixasse que o ecrã tinha na dobra interior uma curva que permite a entrada de detritos, danificando-o.

A Samsung justificou na altura que ia analisar estas unidades de teste e avisar claramente os consumidores de que a película não devia ser removida, mas manteve a afirmação quanto à resistência do Galaxy Fold, que “aguenta mais de 200 mil dobras e desdobras (ou cerca de cinco anos de utilização, se utilizado 100 vezes podia)”.

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O Galaxy Fold tem 12Gb de memória RAM e seis câmaras: três traseiras, uma no ecrã dobrado de 4,6 polegadas, e duas no ecrã desdobrado, de 7,4 polegadas. Ao contrário da concorrência, que utiliza apenas um ecrã para o modo aberto e fechado, o Galaxy Fold tem um ecrã exterior que funciona como os tradicionais, e um interior que pode ser desdobrado para uma espécie de “modo tablet”. O processador do equipamento de 7nm e a dupla bateria fazem a Samsung prometer que vai ser o Galaxy mais rápido e eficiente de sempre. Mesmo tendo sido adiado, houve críticas publicadas que, apesar de confirmarem problemas quanto à resistência, elogiaram o novo design dobrável para smartphones.

Valorizamos a confiança que os nossos consumidores depositam em nós e eles serão sempre a nossa maior prioridade. A Samsung está comprometida em trabalhar juntamente com os seus clientes e parceiros com o objetivo de impulsionar a indústria. Queremos agradecer-lhes a compreensão”, disse a Samsung ainda quanto a este adiamento.

O Samsung Galaxy Fold ia chegar ao mercado americano a 26 de abril. Na Europa, só deveria começar a ser vendido a 3 de maio, numa lista de apenas alguns países, como Inglaterra, Alemanha ou França, na qual Portugal não se encontra para já incluído.

*Notícia atualizada às 18h08 com comentário da Samsung sobre o adiamento