O livro é, ainda hoje, um dos objetos mais revolucionários que o Homem foi capaz de inventar. Nenhum outro consegue congregar tecnologia, arte, conhecimento a um preço tão reduzido. Mas mais do que tudo, nenhum outro pode, como o livro, ser uma alavanca contra a pobreza, a exclusão social, a desesperança, a servidão. Hoje, quando somos assolados por solicitações de toda a ordem, ler um livro torna-se a pouco e pouco um ato de rebeldia e uma manifestação de saúde mental. Sabe-se que quanto maior for o grau de literacia maior é a capacidade de produzir riqueza material e imaterial, maior é a independência e a capacidade de responder aos desafios do mundo e da vida.
É sobre o poder revolucionário e empoderador do livro que se ergue, desde 2006, o Plano Nacional de Leitura (PNL), que ganhou novo fôlego com a chegada de Teresa Calçada, a comissária do projeto, em 2017 (depois de ter sido comissária-adjunta). No dia mundial do livro, o PNL sai para as ruas de Lisboa naquela que será a primeira manifestação pela leitura para celebrar o livro, os autores e os leitores. O Observador falou com Teresa Calçada sobre esta nova vida do plano que agora se designa PNL 2027.
Nome há muito ligado ao livro e à criação da rede de bibliotecas municipais e escolares, Teresa Calçada está desde 2017 como comissária do PNL e tem como subcomissária Elsa Conde. Fomos encontrá-la nas luminosas instalações do Ministério da Educação, na Avenida 24 de Julho, num dia em que estava particularmente entusiasmada com o prémio que tinha sido atribuído, na feira do livro de Bolonha, ao livro Atlas do Planeta dos Exploradores, da editora Planeta Tangerina. É formada em Filosofia, começou por dar aulas no liceu de Leiria, onde se ocupou da biblioteca e até conseguiu um pequeno orçamento para comprar novos livros para a secção de filosofia com autores que o Ministério da Educação do princípio dos anos 70 não considerava. E lembra que, “durante muitos anos, em Portugal, as bibliotecas eram feitas e conservadas pela boa vontade de muitos professores”. Fez parte do Instituto do Livro com António Alçada Batista, esteve ligada à fundação da Rede de Bibliotecas Municipais e depois à Rede de Bibliotecas escolares. No PNL sucede a Isabel Alçada, a mentora do projeto, e ao poeta Fernando Pinto do Amaral. Não se mostra disponível para falar do legado dos seus antecessores, mas acredita que o PNL “continua no caminho certo” e que “embora haja ainda muito a fazer”, esta é “uma batalha para ganhar”.
Tem ideia de quando se apercebeu da importância do livro como instrumento revolucionário?
Na minha geração e na minha forma de crescer, o livro esteve sempre presente. Eu sou aquilo que eu li. Nesse tempo os livros eram fundamentais para o nossos relacionamentos com os amigos, namorados eram o principal tema das conversas. Os livros e o cinema eram fundamentais até para a minha formação como mulher, era impensável naquele tempo não conhecer certos livros, não ter lido outros. Muita literatura francesa clarão, porque era a língua que tinha mais traduções para português, era o que chegava dos que iam a França. Tive a felicidade de crescer numa casa onde me ensinaram a amar os livros.
Nessa altura para se ser “cool” era preciso ler livros?
Sim, naquele tempo, para os adolescentes não havia nada mais “cool” que ler.
Hoje o “cool” passa por outras coisas, a música, os gadgets tecnológicos, os ténis de marca. Acha possível que os livros voltem a ser “cool”?
Não é fácil e sem dúvida esse é um dos grandes desafios do Plano Nacional de Leitura (PNL): convencer, mostrar aos jovens que mais do que “cool”, ler é profundo, é marcante, dá-nos consciência do mundo, da força, do poder das palavras. Aqui no PNL queremos que o livro volte a ser “cool”.
E, no entanto, ler é, hoje em dia, um dos gestos mais rebeldes que se podem ter, porque quando estamos a ler temos obrigatoriamente que desligar desse mundo que a todo o instante nos solicita a atenção, o tempo, a disponibilidade mental.
Estamos sempre a ser solicitados, comprados, induzidos, manipulados. É uma servidão da qual o ato de ler nos permite libertar. Isto não é fácil de perceber pelas crianças e adolescentes, mas cabe à escola, aos país, aos professores, à sociedade ajudá-los a perceber isso. Mas, de facto, a melhor forma de atingir o alvo é tornar o livro atrativo entre pares, entre amigos, entre colegas, entre namorados. São os miúdos que têm que chamar uns aos outros a atenção para um livro ou para um filme, para um escritor, mesmo que seja para mostrar desagrado. Isso é crescer e criar proximidades a partir de uma solidão qualificada. Infelizmente, o livro como instrumento de crescimento passou a ser usado apenas por uma elite. A escola massificou o uso do livro mas não os verdadeiros leitores. Nem todos têm que ser grandes leitores, mas se muitos perceberem aquilo que têm a ganhar com a leitura já teremos cumprido parte importante da nossa missão.
maniFESTA-TE pela Leitura
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Hoje, dia 23 de Abril, o PNL mobiliza escolas, livrarias, editores para o maniFESTA-TE pela Leitura. O desfile realiza-se em Lisboa, partirá da Praça Luís de Camões e seguirá pelo Chiado, com paragens para leituras em voz alta nas livrarias BD Mania, Bertrand, Férin e FNAC. O desfile será acompanhado por músicos e por artistas do Chapitô. A APEL junta-se à festa com a iniciativa Ler em todo o Lado. Pelas 17h, está programado um “Ciclo de Concertos” na Biblioteca Palácio Galveias e uma sessão de “Leituras Diversas” na Biblioteca dos Coruchéus. A arte poética de Sophia Mello Breyner Andersen vai invadir a Biblioteca Orlando Ribeiro na iniciativa “Sophia na Biblioteca Andante” das 18h às 19h. Também ao final da tarde, às 18h, está programada uma “Tarde de Leitura sobre o Oriente”, com a Livros de Bordo. O dia termina com o “Prémio Livro do Ano Bertrand 2018”, uma cerimónia onde serão divulgados os vencedores deste concurso. Ao longo do dia estará ainda a decorrer uma recolha de livros para o Centro de Dia da Apoio, na livraria Espaço.
No fundo a sua missão ainda é a mesma de quando integrou, com António Alçada Batista, o Instituto do Livro?
Éramos um grupo pequeno mas vindos de áreas diferentes. Daí tornei-me funcionária no Ministério da Cultura e mais tarde no Ministério da Educação, mas sempre a trabalhar com os livros até 1986 quando se criou o grupo de trabalho que iria fundar a Rede de Bibliotecas Municipais, com Maria José Moura. Esta rede conseguiu chegar ao país todo, e continua a abrir bibliotecas, que entretanto mudaram muito o seu papel dentro das comunidades. Embora a sua essência continue a ser o Conhecimento, hoje a biblioteca é um centro performativo, que não se restringe ao livro, mas que procura orientar e mediar as pessoas no meio de tantas fontes de informação que hoje temos disponíveis.
Mais de trinta anos depois de criada a Redes de Bibliotecas Municipais, sente que essa foi uma luta ganha?
Globalmente foi uma grande vitória em Portugal. Atualmente é normal haver uma biblioteca em cada Conselho do País. Anormal é não haver. Neste momento, haverá mais de 200 bibliotecas no país e, como também foi criada a Rede de Bibliotecas Escolares, o livro passou a estar ao alcance de todos. A Biblioteca como instituição cívica fundamental continua a ser discutida em todo o mundo, o que mostra a sua necessidade e vitalidade, mesmo que hoje a sua função não se resuma ao livro em papel. Sem bibliotecas não há democratização do saber, logo não há liberdade. Repare-se no papel que as bibliotecas tiveram na América na ascensão social dos emigrantes. Sempre que visito uma cidade vou à biblioteca pública.
A biblioteca está na génese da civilização ocidental, até há mais tempo do que as universidades, basta lembrarmos Alexandria.
Mas antes disso temos que lembrar que as três maiores religiões monoteístas [cristianismo, judaísmo, islamismo] são simultaneamente religiões do livro, da leitura como relação com o sagrado. Aqui no PNL gostaria que as pessoas não perdessem de vista essa história; que o livro é fundador da nossa civilização. Ele é marca de civilidade e humanismo antes de ser qualquer outra coisa. Livro não apenas como leitura, mas também a escrita. A escrita é qualquer coisa de avassalador na história da humanidade. Não podemos deixar de mostrar a qualquer jovem a revolução que constituiu, na nossa aventura humana, a invenção da escrita; o ato de começar a fixar em palavras as coisas do real. E neste tempo da revolução digital, que mesmo com todos os perigos que possa ter, é uma coisa maravilhosa, não podemos esquecer que ela não teria sido possível sem a escrita.
Hoje, quando já há filósofos que preconizam um retrocesso da palavra face à ascensão da imagem, quando a utilização da linguagem escrita está a encolher e a ser substituída pela leitura de imagens, como vê o futuro do livro, dos textos quando é muito mais fácil ler uma imagem do que uma palavra?
O problema é que essas interações promovidas pelas redes digitais são aditivas, e quanto a mim não é só a imagem que vai perdendo a capacidade de ter pensamento simbólico, de entender a metalinguagem, a polissemia do texto, que são fundamentais para o nosso crescimento interior. A palavra é cada vez mais fragmentada, as frases mais simplificadas, já não fazemos orações intercalares. E isso é muito difícil de combater quando as pessoas acreditam que percebem o mesmo se lerem um livro ou lerem um resumo.
No PNL temos esta premissa: ler é compreender. Isto quer dizer que sem compreensão a leitura não se fez. E é por isso que o vocabulário é tão importante, que o vocabulário é uma marca social. Naturalmente quando se tem pouco vocabulário mais dificuldade se terá em aprender a ler e depois em ler de uma forma mais profunda. Porque sabemos que nos meios mais pobres o uso da palavra é mais reduzido por isso haverá mais dificuldade em ler, logo haverá mais possibilidade de insucesso escolar. A leitura é a principal forma de superação dos ciclos geracionais de pobreza. E hoje como há um acesso generalizado ao consumo parece que essa pobreza desapareceu mas não é verdade. Só a leitura pode trazer um pensamento mais elaborado e a recusa dessas formas de servidão.
Na sua opinião, qual o papel do PNL para o fomento das dinâmicas culturais no nosso país?
Nem sempre isso é reconhecido, mas Portugal tem um dos maiores êxitos da sua história no imenso salto que deu nos últimos 50 anos, comparando com outros países da Europa. Porque a nossa escolaridade subiu muitíssimo e isso é o mérito de muita gente. Podemos ter tido muitos erros políticos, mas, em geral, os nossos governantes compreenderam genuinamente o valor da educação. E essa é, ainda hoje, a mais real vitória sobre o Estado Novo. A mais importante, porque esta traz as outras por arrasto, como por exemplo na emancipação feminina. E hoje verificamos que são as mulheres o grande fator de subida da literacia dentro das famílias. Porque mesmo quando o homem tem mais escolaridade a mãe é mais determinante nos resultados escolares dos filhos. Mesmo no programa Novas Oportunidades, hoje chamado Qualifica, foram as mulheres quem mais respondeu e aproveitou este projeto para se requalificar. Hoje, o PNL também está na educação de adultos, com o Ler + Qualifica e o Ler + Saúde.
Mais de uma década passada sobre a criação do PNL, que balanço faz?
A nossa novidade maior é que temos dez anos e sentimos que estamos a caminhar na direção certa. Que temos os objetivos certos e temos que continuar a persegui-los com firmeza. Embora, claro, que uma década aconselha algumas adequações, alguns ajustamentos. Mas o nosso propósito é claro desde o início: aumentar as competências de literacia e escrita dos portugueses, melhorar os seus hábitos leitores. A leitura é um “inalienável direito do Homem” essa é a justificação da nossa existência e da nossa urgência.
Mas este é um tempo difícil para o livro quando tem tantas coisas a competir com ele pela nossa atenção.
Temos a concorrência desleal das novas tecnologias. Temos o imperativo de que tudo tem que dar lucro ou ser quantificável, ou que a educação sai cara… mas a ignorância é muito mais cara. O PNL não é uma questão de causa, efeito. Os seus resultados são lentos e podem demorar gerações até se tornarem visíveis. Mas, se em 40 anos conseguimos aproximar-nos daquilo que outros conseguiram em um século, agora é que não podemos parar. Se o nosso ensino tem uma base humanista ele não pode afastar-se das disciplinas humanas e a leitura é um pilar sobre o qual se sustentam todos os outros conhecimentos, sejam matemáticos, científicos ou tecnológicos. O PNL tem como objetivo valorizar socialmente a leitura e não escolarmente. O nosso foco não é o currículo escolar é a leitura como um hábito de vida, como a saúde, como a alimentação. A leitura como forma de empoderamento das pessoas. Parece simples mas não é, porque o nosso target é a sociedade e a sociedade é uma coisa mutante. O nosso foco não mudou, mas temos que estar atentos a todas as mudanças que acontecem à nossa volta.
Em 2006, quando criámos o PNL, o Ler+, foi um período muito rico, também graças ao espírito visionário da Isabel Alçada, tínhamos muitas ideias que depois não foi possível pôr em prática. Agora que estou com a Elsa Conde, também estamos cheias de ideias. Neste momento o nosso foco já não será tanto os anos iniciais da escolaridade e da aprendizagem da leitura e da escrita. Porque sentimos que nessa fase a batalha da leitura está ganha, os professores estão a ler às crianças, as famílias estão a ler às crianças. Não acredito que se possa retroceder. Em breve vamos ter online uma plataforma amigável destinada a professores e mediadores com recursos para trabalhar com as crianças a leitura e a escrita. Temos também a plataforma PICCLE com a mesma filosofia para alunos do 2º e 3º ciclo e outra ainda dirigida aos centros de competências para adultos.
A dificuldade são os jovens do ensino secundário e superior. Tivemos que fazer um conjunto de programas que visam precisamente explorar o ambiente entre pares, os grupos de amigos, etc. Queremos convocar os adolescente de fora para dentro. Assim, uma das novidades do PNL2027 é que deixámos de estar confinados à escola. Queremos criar ambientes culturais mais excêntricos, mais heterogéneos, como é o programa Movimento 14-20, que é um mural, inspirado na cultura urbana. As escolas podem candidatar-se, mas têm que trazer consigo três outras entidades da sociedade civil, seja um grupo de teatro, um lar de idosos, um grupo de graffiters, escuteiros… A ideia é a escola ir ter com outros ambientes sociais e promover a leitura não dos livros escolares, mas ler para ganhar asas, para compreender os outros, para se relacionar fora do facebook. Não se pode colocar sempre o enfoque na falha dos outros, mas procurar conhecer as suas destrezas, aquilo em que os outros são bons. A ideia é dar conteúdo às impressões superficiais, dar complexidade às identidades. É mostrar que se ficamos apenas no meio do que é igual a nós ficamos mais pobres, prisioneiros dos rumores, da tagarelice. Temos um exemplo de uma escola em Almada que criou o festival Read-on, de música e artes performativas e onde em todas o dia escolar começa sempre com dez minutos dedicados à leitura, independentemente da disciplina.
Como é a relação entre o PNL e os ministérios da Educação, da Cultura, a Direção Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB)?
A nossa relação principal é com o Ministério da Educação, que é quem nos suporta financeiramente e logisticamente. Nós, PNL, temos muito pouco dinheiro, apenas nove pessoas alocadas e um trabalho para o país inteiro. Só podemos ajudar com ideias, recursos logísticos, financeiros através de candidaturas a fundos europeus. Mas a grande dinâmica tem que ser das comunidades.
Convém esclarecer que o PNL não compra os livros para as escolas, apenas recomenda a sua leitura. [O catálogo do PNL está dividido por idades e pode ser consultado aqui]
Não. O que nós temos é a colaboração com as redes de bibliotecas municipais e com algumas autarquias com vista à resolução de problemas concretos das comunidades. Uma coisa nova que nós introduzimos foi o Prémio Ler+ que teve a primeira edição em 2018, e é financiado pela fundação La Caixa.
Como é que uma família com o ordenado mínimo pode comprar os livros, apenas alguns dos livros que o PNL recomenda? Houve um tempo em que os livros do PNL eram comprados para a escola?
Houve, mas a partir da entrada da Troika isso deixou de ser possível. As bibliotecas têm vindo a depauperizar-se; quer as municipais, quer as escolares. As autarquias têm que perceber que não podem descapitalizar as bibliotecas, sob o perigo de se perder tudo o que tem sido feito. Portanto, a compra de livros em bloco para as bibliotecas já não há e, possivelmente, não voltará a haver. Mas temos parcerias de que me orgulho para a edição de alguns livros.
Portanto, todo este trabalho de escolha de livros feito pelo PNL, como é que chega à sociedade, às escolas, às famílias?
O PNL é apenas uma recomendação para as escolas ou as famílias comprarem e a ideia é “desescolarizar” o livro e criar o gosto pela leitura, pela literatura.
Como é que se processa a triagem e a escolha dos livros, que são editados aos milhares, para integrarem o PNL?
A primeira triagem é feita pelas próprias editoras, que concorrem enviando dois exemplares para serem apreciados pelos nossos especialistas. Depois temos 12 pessoas totalmente independentes que avaliam os livros, fazem um verbete e decidem o que integrar, segundo uma lista de critérios que estão disponíveis no site no PNL. Esta triagem é feita duas vezes por ano e agora alargamos as temáticas dos livros que recomendamos.
Mas há em todas as escolas ou bibliotecas municipais um exemplar de cada um dos livros que o PNL recomenda por semestre?
Não, nem pensar. Não há dinheiro para isso. A escolas têm apenas algum dinheiro para livros vindo das autarquias da Rede de Bibliotecas Escolares e do PNL com base nos projetos educativos e candidaturas.
Que tipo de colaboração tem o PNL por parte do Ministério da Cultura?
Houve algum trabalho com a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia quando lá estava a Fernanda Rolo e agora estamos a tentar delinear um projeto para o ensino superior. No caso da Cultura, não temos feito nada. Mas acreditamos que vamos fazer.
Como é que neste contexto, em que não há dinheiro para comprar livros para as bibliotecas escolares e municipais ou para o PNL, existe verba, por exemplo, para ir à feira do livro de Guadalajara com uma comitiva de 40 escritores?
Isso terá que perguntar a pessoas de outros ministérios, nomeadamente a Cultura e os Negócios Estrangeiros. Mas a América Latina é um mercado importantíssimo. As coisas não são a preto e branco. Há dinâmicas que estiveram na origem dessa decisão que nós não conhecemos. O que eu enfatizo é que tem que haver uma política pública de leitura como há de saúde ou de acesso à eletricidade. Se é uma política pública tem que ter os recursos necessários à sua concretização.
Quando se olha para a lista de livros escolhidos para integrar o PNL encontram-se poucos livros publicados por pequenas editoras independentes e muito mais de grandes grupos editoriais. Porquê?
Nós fazemos o possível para divulgar o plano, mas não podemos fazer tudo. Se as editoras independentes não concorrem, nós não podemos andar atrás delas. Os nossos dados estão disponíveis no site, mas o primeiro passo tem que ser dado pelas editoras. Claro que nós queremos ter os melhores livros, mas precisamos que as editoras também colaborem.