Uma equipa de investigadores russos e sul-coreanos está a tentar clonar o potro de onde foi recolhida uma amostra de sangue em estado líquido — a mais antiga do mundo. O animal estava enterrado no gelo da Sibéria quando foi encontrado por um grupo de caçadores em busca de dentes de mamutes na cratera de Batagaika. Agora, os cientistas tencionam extrair células viáveis dessa amostra, a mais antiga do mundo, para clonar o animal, que pertence a uma linhagem já extinta.

Segundo o Siberian Times, o grupo de cientistas está agora focado em extrair células dessas amostras para conseguir clonar a espécie a que o potro pertence — uma linhagem chamada Lenskaya de que já não existe nenhum exemplar vivo. Até agora foram feitas 20 tentativas de encontrar essas células, mas nenhum resultou. Ainda assim, a equipa diz-se “confiante no sucesso” da experiência. Tanto que já está à procura de uma égua que possa gerar e parir o clone deste potro.

Mas os cientistas sul-coreanos que estão a a tentar recolher células do potro para o clonar são os mesmos que estão envolvidos na clonagem de um mamute lanoso, a última espécie deste animal a conseguir viver nas regiões mais ao norte do planeta. Trabalham na Sooam Biotech, uma controversa fundação de investigação sul-coreana gerida por Hwang Woo-suk, o cientista que em 2004 disse ter clonado células estaminais embrionárias humanas — algo que se veio a revelar mentira.

Semyon Grigoriev, que lidera os cientistas russos, torce o nariz aos planos da Sooam Biotech de cultivar células retiradas do sangue do potro. Em entrevista à CNN, o cientista explicou que “a preservação do sangue é absolutamente inútil para fins de clonagem, uma vez que as principais células do sangue não têm núcleos com ADN”. Ainda assim, confirmou que os investigadores estão a “tentar encontrar células intactas no tecido muscular e órgãos internos”.

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É que o os órgãos do potro estão “incrivelmente preservados”.

Podemos agora afirmar que este é o animal da Idade do Gelo mais bem preservado jamais encontrado no mundo. Ter pelo preservado é outro marco do ponto de vista científico, já que todos os cavalos pré-históricos encontrados anteriormente não o tinham”, justificou o cientista.

No momento da morte, o potro era um recém-nascido com não mais do que duas semanas de vida. “Um monte de lama e sedimentos que o potro engoliu durante os últimos segundos de sua vida foram encontrados dentro do seu trato gastrointestinal. Tal como em casos anteriores de restos realmente bem preservados de animais pré-históricos, a causa da morte foi afogamento em lama, que depois congelou”, descreveu Semyon Grigoryev.

O facto de o potro ter ficado fossilizado debaixo do solo rochoso permanentemente congelado da Sibéria permitiu que os cientistas tivessem encontrado sangue em estado líquido e urina no cadáver. As análises que têm sido feitas já permitiram até desvendar que a cria tinha uma cauda e uma crina pretas, mas que o resto do corpo tinha uma pelugem clara. E a autópsia provou que os músculos do animal continuam avermelhados.

Esta foi apenas a segunda vez que os cientistas conseguiram sangue líquido dos restos mortais de um animal pré-histórico. A primeira foi em 2013, quando um grupo de cientistas russos encontrou sangue em estado líquido nos restos de um mamute lanoso encontrado por Semyon Grigoryev — o mesmo cientista que agora está envolvido nas investigações acerca do potro. Essa amostra retirada do mamute, no entanto, tem menos 27 mil anos que o sangue encontrado nesta cria.