“Quem foi Leonardo da Vinci?” Desta simples pergunta têm nascido longas biografias, revistas temáticas, teses, documentários. É também dessa pergunta que parte um novo livro para arrumar na estante da biblioteca infantil. Isso mesmo: a vida do génio, desaparecido há 500 anos, foi resumida num guia ilustrado para crianças.
O lançamento faz parte da nova coleção “Pequenos Livros sobre Grandes Pessoas” (Little Guides to Great Lives, no original da editora inglesa Laurence King Publishing), numa tendência editorial que tem trocado os feitos imaginários de super-heróis por figuras inspiradoras de carne e osso. Publicados em Portugal pela Fábula, saíram simultaneamente quatro volumes — dedicados a Fernão de Magalhães, Leonardo Da Vinci, Anne Frank e Charles Darwin –, e estão previstos mais dois a 29 de abril, sobre Frida Kahlo e Nelson Mandela. Os seguintes, segundo a editora ainda sem data de lançamento, passarão por figuras como Stephen Hawking, Maya Angelou, Albert Einstein e Marie Curie, entre outras.
Quem foi, então, Leonardo da Vinci? Na biografia para crianças escrita por Isabel Thomas e ilustrada por Katja Spitzer (autora da também bonita coleção dedicada aos primeiros conceitos da editora Flying Eye Books), o génio italiano é retratado através dos vários interesses que foi revelando ao longo de 67 anos, como artista, engenheiro, arquiteto, cientista, escultor, matemático, pintor e inventor. Em textos breves e com ilustrações que parecem ter sido feitos a canetas de feltro, acompanhamo-lo desde a infância na quinta do pai, numa aldeia nos montes da Toscana, até à derradeira anotação que escreveu nos seus cadernos, nove dias antes de morrer: “Assim como um dia bem passado traz um sono feliz, uma vida vivida traz uma morte feliz.”
Ao longo de 60 páginas, com direito a cronologia, glossário e índice remissivo, o livro passa por Florença — onde Da Vinci começou por aprender com um pintor chamado Andrea del Verrocchio e se revelou tão melhor do que o mestre que fez com que este se passasse a dedicar à escultura –, mostra algumas das 400 máquinas que inventou, o seu fascínio pela anatomia, algumas das perguntas que escreveu nos seus famosos cadernos ou ainda, claro, a criação da célebre “Mona Lisa” e como foi vê-lo pintar “A Última Ceia”, nas palavras de um monge: “Ele chegava de manhã cedo e subia para a plataforma, porque a pintura estava bastante acima do chão. Em inúmeras ocasiões, (…) não pousava o pincel de manhã à noite e, esquecendo-se de comer e beber, pintava continuamente. Passavam então dois, três ou até quatro dias em que ele não tocava na pintura, mas de vez em quando ficava uma ou duas horas por dia só a olhar para ela.”
À medida que crescem as barbas de Leonardo nos desenhos de Katja Spitzer, vai crescendo também a admiração por este homem curioso, determinado e visionário. No final da leitura, não só é possível responder à pergunta “quem foi Leonardo da Vinci?”, como qualquer criança consegue fazê-lo de forma ao mesmo tempo rica e resumida.