A temporada final de Guerra dos Tronos vai a meio e à medida que o mundo inteiro aguarda por perceber qual será o destino de Westeros e seus governantes, tinta vai sendo gasta para dissecar ao pormenor, episódio a episódio, cada detalhe desta que já uma das histórias mais impactantes das últimas décadas. Num dos momentos mais recentes (e importantes), as forças de Jon Snow e Daenerys Targaryen enfrentaram o temível exército do Night King e dos seus White Walkers às portas do castelo de Winterfell.

A chamada Batalha de Winterfell — que já é a cena de conflito mais longa da história do cinema e televisão — foi um momento alto e cheio de revelações que seguramente deixou fãs colados ao assento, contudo, há quem tenha sérias dúvidas sobre a validade das escolhas militares feitas pelo lado vencedor (o de Jon e Daenerys). Foi para perceber ao certo aquilo que na vida real podia ter sido um erro capital que se deu a conhecer a opinião de dois especialistas militares — um tenente do exército espanhol (TEE) e um ex-general do exército suíço (GES) — cuja identidade é mantida em segredo pelo El Español mas que apontaram 5 falhas que podiam ter comprometido uma força militar com características semelhantes.

Ir para fora quando se podia estar cá dentro?

Um dos pontos mais imediatos que qualquer um poderia ver e duvidar ao ver este terceiro episódio da segunda temporada era: porquê pôr as tropas defensoras, bastante menos que as atacantes, do lado de fora de uma fortaleza bem muralhada? Não faz sentido, certo? Correto. Os especialistas são unânimes ao considerar esta decisão como altamente questionável — o GES chega a afirmar que é “uma estupidez”. “Teria sido muito mais lógico manter todas as tropas no castelo, onde estão mais protegidas, saindo apenas se as ou quando as condições fosse favoráveis”, afirma o TEE.

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A opção de colocar tropas posicionadas fora de uma fortaleza, para o GES, só faria sentido se o território à volta da zona muralhada tivesse algum tipo de vegetação ou floresta e se não existissem mantimentos suficientes para aguentar um cerco de vários dias.  Se este fosse o cenário encontrado pelo Night King, Jon e Daenerys fariam bem em colocar “vários homens fora da muralha”, em “áreas ocultas”, para “levar a cabo ataques furtivos durante a noite” que “irritasse” ou “aterrorizasse” os seus inimigos. “É este o princípio do blitzkrieg”, concluiu.

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Quem vai à frente, quem fica no meio e quem está atrás?

Cavalaria ligeira, catapultas, tropas a pé e trincheiras — esta foi a disposição escolhida pelos cabecilhas militares que enfrentaram os White Walkers e, para os especialistas, ela não podia ter sido menos eficiente. A cavalaria Dothraki foi quem atacou primeiro neste embate sem sequer saber ou visualizar quais eram os números exatos (ou o posicionamento) das forças atacantes — já por si um erro capital — e isso é um erro, já que unidades montadas “não-pesadas” devem sempre ser utilizadas para flanquear os inimigos ou atacá-los pela retaguarda nunca encarar de frente os adversários. O TEE explica que as catapultas devia ter estado “atrás das tropas e protegidas por obstáculos”, por exemplo, enquanto as tropas a pé também deviam estar numa posição diferente, atrás das trincheiras, mais precisamente. Já o GES recomendaria que houvesse uma rede de trincheiras e montículos para proteger as tropas a pé e a cavalaria e as catapultas, que deviam ser a unidade mais afastada da linha da frente e a primeira a atacar.

Qual é a importância das armas e de quem as usa?

Lembra-se dos cavaleiros Dothraki mencionados no ponto anterior? Pois é: na investida que fizeram empunhavam as suas já típicas espadas em forma de foice mas com uma variante — estas estavam em chamas. Isto faz alguma diferença? “Não sou médico, mas arrisco a dizer que as queimaduras que elas pudessem causar não seriam muito graves”, explica TEE. Ou seja, não teria grande impacto extra e até podia danificar a arma, enfraquecendo a sua durabilidade ou até partindo-a.

GES é menos específico em relação a este ponto, explicando que apesar de não existir grande vantagem em lutar com uma espada em chamas, na Idade Média — referida aqui como termo de comparação com o período temporal da série — “a bruxaria e a magia era armas psicológicas poderosas”, que podiam intimidar e instigar o terror nos adversários. Esse poderia ser o efeito mais proveitoso desta tipo de arma. A maior discórdia encontra-se sim quando é debatido se as lanças empunhadas pelos soldados de Jon e Daenerys seriam uma arma eficiente contra os gelados mortos-vivos do Night King.

Enquanto TEE respeita a sua utilização e acha-a útil — “Desde a antiguidade que formações em falange como as dos Imaculados são usadas com sucesso no campo de batalha. Como são longas, se forem comprimidas numa fila cerrada formam um muro difícil de penetrar” –, GES pensa o contrário: “É pesada e tem de ser utilizada sempre em formação, para ter algum efeito. A espada ou o machado seriam muito mais eficazes”, revela.

Os dragões… não esquecer os dragões!

Três animais alados que têm tanto de intimidante como de poderoso, um no lado dos “maus” e dois no lado dos “bons”. Voam, cospem fogo e matam muito. Como ignorar este elemento essencial daquela que foi uma das “armas” mais determinantes da batalha? A sua importância é inquestionável mas no que diz respeito à sua utilização a conversa é outra. “Antes de mais, acho que eles [Jon e Daenerys] deviam tê-lo usado para fazer reconhecimento do inimigo”, começa por explicar o TEE. Uma das principais críticas feitas ao planeamento militar do exército dos vivos foi a particularidade deste desconhecer muitos pormenores da capacidade dos seus adversários — principlamente no que diz respeito ao número deles.

O reconhecimento aéreo seria útil. “Depois usava-o como apoio das tropas, varrendo a frente do inimigo com aquilo que em termos técnicos chama-se CAS: “Close Air Support””, concluiu. O GES seria menos estratégico, caso fosse ele a comandar uma unidade de dragões. Usava as criaturas apenas como uma de duas opções: ou “tipo bombardeiro estratégico” ou como “uma simples unidade de ataque”. Na primeira variante utilizava-o mais como forma de destruir fontes de abastecimento ou estruturas de apoio que fossem enfraquecer o exército e na segunda seria simplemsente para destruir “as ondas de assalto do inimigo”.