No último ano em que europeias e legislativas coincidiram (2009) não houve uma única semana em que não se falasse da “balcanização do PSD”, numa alusão à divisão interna. Nas bases dizia-se que havia militantes a puxar por uma derrota do PSD para enfraquecer primeiro Paulo Rangel, que ganhou nesse ano, e depois Manuela Ferreira Leite, que perdeu. Desta vez, para não haver equívocos, o maior opositor interno de Rui Rio, Luís Montenegro, vai participar logo no primeiro dia oficial de campanha para apoiar o candidato Paulo Rangel. O antigo líder parlamentar vai participar na arruada na feira de Espinho, a sua terra.

O primeiro dia de campanha oficial, 13, é passado em Aveiro, o distrito de Luís Montenegro, e a primeira ação é em Espinho, concelhia do antigo líder parlamentar. Desde o falhado impeachment de Rui Rio, Luís Montenegro remeteu-se ao silêncio, prometeu mesmo não voltar a criticar publicamente Rui Rio embora dissesse estar “disponível para o partido e para o país“.

“De consciência tranquila”, Montenegro promete não atacar Rio até às legislativas

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Na crise dos professores voltou a haver alguns fogachos de crítica a Rui Rio, vindos sobretudo de militantes próximos de Luís Montenegro. E o principal escudeiro de Montenegro, o antigo líder parlamentar Hugo Soares, também não deixou escapar a oportunidade para criticar a direção de Rui Rio. Na última reunião da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, como explicou fonte parlamentar ao Observador, considerou que houve uma tentativa da direção do partido de “sacrificar deputados” quando percebeu que o PSD tinha feito “asneira” — eventualmente por “falta de estratégia” política.

Professores. “Articulação” máxima, diz Negrão. “Um erro” do PSD, diz Hugo Soares.

Apesar das críticas dos seus mais próximos, Montenegro cumpriu a promessa de não falar. Volta agora para apoiar Rangel e sem a presença de Rio, que discursará esta noite no comício em Penafiel. É certo que Luís Montenegro não vai fazer uma intervenção num comício — palco que, por vezes, costuma ser dado a alguns notáveis –, mas tem um tipo de participação na campanha que também é comum (e que ainda este domingo aconteceu com José Pedro Aguiar-Branco): acompanhar um candidato numa ação de rua.