Está decidido que, na União Europeia, a partir de Julho de 2021, todos os automóveis eléctricos e híbridos são obrigados a incluir um avisador acústico, cujo som emitido simulará a reacção de um motor de combustão à pressão do acelerador, com uma frequência mínima de 56 decibéis e máxima de 75 decibéis até uma velocidade de 20 km/h, sendo obrigatório que o veículo se faça ouvir mesmo que esteja a efectuar marcha-atrás.

Denominado Audible Vehicle Alert System (AVAS), este alerta sonoro varia com a aceleração, até um máximo de 1600 hertz. E, para que cumpra a função que está na origem da sua futura obrigatoriedade, não vai poder ser desligado pelo condutor.

A medida surge como resposta à necessidade de garantir uma maior segurança dos peões, especialmente as crianças, os idosos e os cegos, pois está provado que a circular a uma velocidade máxima de 30 km/h, um veículo que rode em modo zero emissões só é detectável a 8 metros, deixando ao peão apenas segundo e meio para reagir. Daí que nos EUA, a regulamentação seja um pouco mais apertada.

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A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), o equivalente à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, determinou que, até uma velocidade de 18,6 mph (30 km/h), os automóveis que circulem em modo EV, sejam eles puramente eléctricos ou híbridos, são obrigados a emitir um som artificial já em Setembro de 2020. Um ano antes disso, em Setembro deste ano, os fabricantes têm de garantir que 50% das novas unidades que têm na rua cumprem a nova regra. E é justamente por isso que, hoje em dia, qualquer construtor que tenha nos seus planos em eléctrico ou um híbrido, é obrigado a incluir de imediato no projecto aquilo a que podemos chamar de “assinatura sonora”. Algo que o Nissan Leaf, o eléctrico mais vendido no mundo, já oferece desde 2010.

É essa a razão que explica o facto de os fabricantes automóveis estarem a investir na necessária diferenciação pelo som, tal como se preocupam em criar uma identidade estilística através da iluminação. A Mercedes-AMG adiantou, por ocasião do Salão de Genebra, que se encontra a trabalhar com a conhecida banda de rock  Linkin Park para criar a “melodia” que vai distinguir o One, o seu superdesportivo híbrido plug-in, com tecnologia importada da Fórmula 1. Um carro que, apesar de virado para a performance, vai poder circular na via pública, com os seus mais de 1.000 cv e a capacidade de ir de 0-100 km/h em 2,7 segundos, podendo atingir 350 km/h de velocidade máxima. Mas o facto poder assegurar locomoção exclusivamente eléctrica, ainda que apenas durante 25 km, obriga-o necessariamente a incluir o AVAS.

Com o I-Pace, apresentado em Março de 2018, a Jaguar teve logo a preocupação de garantir que o seu SUV se faria ouvir de acordo com a regulamentação que ainda se estava a discutir. E é assim:

Já a Citroën, que tem no Ami One Concept um dos seus últimos e mais radicais protótipos eléctricos, também se preocupou em dotá-lo com a sonoridade que dentro em breve vai ser obrigatória nesta classe de veículos. Ouça-o aqui a evoluir na “estrada”:

Há muito que se vinha a discutir a necessidade de regulamentar neste sentido, com as discussões a envolverem inclusivamente os fabricantes. Mas não só não se chegava a acordo quanto ao tipo de som avisador, como alguns dos adeptos dos eléctricos alegavam que assim se estaria a eliminar uma das principais vantagens desta classe de veículos – o facto de permitirem reduzir a poluição sonora, algo especialmente evidente nos meios urbanos. Porém, é precisamente aí que reside o maior risco para os peões, especialmente quando os veículos zero emissões têm acesso aos centros históricos, onde as pessoas se passeiam e onde circulação está vedada a todas as viaturas que não circulem em modo eléctrico.

Curiosamente, a Tesla, que costuma estar na linha da frente da mobilidade eléctrica, ainda não revelou como é que os seus modelos vão responder a esta imposição da legislação. Sabe-se que o Sentry Mode permite aceder ao sistema de áudio do veículo, e colocar o volume da música bem alto para dissuadir em caso de tentativa de roubo, mas essa solução não projecta o som para o exterior, como se pretende para alertar os peões da sua aproximação. Entretanto, já há diversos fornecedores no mercado a posicionarem-se para garantir que as marcas têm no seu produto uma forma de cumprir os novos requisitos legais:

De notar que as motos eléctricas têm igualmente de cumprir esta directiva, daí que com sua a primeira proposta deste género, a LiveWire, a Harley Davidson também teve que se adaptar à nova exigência da regulamentação.